Entre a vida e a morte, o meu corpo, como dúvida, como negação sem o talvez. Apreensiva, sem a dor do irreprimível. Apenas essa certeza de amar, pior que sofrer. E o desamparo de ser amada por uns e outros não. Mas sei que a poesia é amada, mesmo sem ter sido lida. Sua essência é a expectativa de ficar nesse instante onde não existo. Carícias no silêncio, mas o pensamento na poesia. O amor é um obstáculo para viver. Se não existe o tempo de morrer, como existe a morte? Pela dor de viver, que torna o azul do céu, a minha esperança de eu ser melhor na tristeza do que na alegria. Na alegria, não sinto meu corpo. A falta do corpo é feliz como eu. O corpo se escreve com lágrimas. O nada é a realidade, a realidade é o nada. Me faça morrer sem intimidade com meu sofrer. Faça de conta ser essa a minha alegria: escreverei no céu, na tua dor: é minha também. Desaguar o céu na minha morte. Viver a vida. Nada é o céu. O céu é a fé que sinto.
Dor irreprimível |