O corpo é a perda de Deus, da vida, da transcendência, do céu, em um corpo estranho, é apenas silêncio. O corpo de palavras é a alma. Escrevo no meu corpo a alma, e o que se foi sem alma também é alma, por isso tudo é solidão, onde até o talvez é sonho. A realidade é o negativo de amor. O que falta na alma é pele, mas a pele é incompatível à alma. A pele costura a alma por dentro. A alma, por dentro, está descosturada, e se sente melhor descosturada. O tempo é um estado de espírito. Espírito é apenas sentir o adeus. Mesmo sem saber do adeus, sei do espírito. Espírito às vezes é o nada sem adeus. É quando o perdi. Apenas o espírito cessa o espírito, o amor. O espírito é amor na inacessibilidade de ser. Sonhar no arrepender-se de sonhar é viver. Faço tudo na angústia. Amo, luto pela vida. Escrevo. Sou feliz, sou útil na angústia. A angústia não me atrapalha, e sim me ajuda. A lembrança destrói a vida. Sou uma lembrança de ilusão nunca perdida. Sem ilusão, o espírito suspira poesia. O espírito nunca será poesia, pois são minhas mãos segurando a mão de Deus.