A compreensão do silêncio é a morte do silêncio, que capta minha alma, como se pudesse pronunciar o silêncio. Sou o abismo da vida, onde o inefável se torna palavras. Eu não tenho alma no inefável. Não sei cativar minha alma. Não há o que viver na alma, a seduzo inexistente. Ela não se torna alma por ser alma, mas por sua ausência. Não há diálogo na alma, por isso, ela é compreensão. Há coisas que são faladas como vida. Há coisas que se calam como vida. Levantar a alma como um abismo infinito é dar vida às coisas. Me imagino em mim, como algo inexistente. A inexistência agora é apenas sombra do rascunho do sol. Sol da minha vida e de todos que sonham, torna a minha vida apenas esperança, para ela não ser uma esperança vazia. Renunciei a morte sem esperança de viver. O vazio perdido em minha morte floresce sem distâncias, sem infinito. Sua ausência não sou eu: é a presença do adeus! A presença do adeus é minha essência. A presença de ser é ilusão. Não se pode sentir uma ilusão, se pode ser ilusão, mas não posso ser ilusão de outro alguém. Névoa de alma a clarear o sol. De sol em sol nasce a vida em pedaços de lua. Lágrimas supõem chorar por sofrer, existindo, mas chorar faz as lágrimas não me sentirem, além do existir.
Morte do silêncio |