Eu não gostava da minha alma até tê-la de verdade. Engravidei da minha alma para ter direito ao sol. Um sopro de vertigem queima o sol doce por viver. Nada sofre de sol, vida. A pele se pode arrancar do corpo, não da alma. Mãos firmes não sustentam o corpo em mim. Nada fica do corpo em mim. Por isso, não morri. Morrer de quê? Não sei, vou simplesmente morrer, como se dissesse amém a mim. Um beijo calaria a minha morte de mim. Um beijo em palavras silenciosas reflete-se sem silêncio. Tudo parou, estagnou em mim, sem palavras. Preciso lembrar da fala: me manterá viva um dia. Como conversar com minha fala? Com amor. Minha vida está toda em minha alma, não em mim. Mesmo assim, me sinto viva. Tão viva quanto a poesia de um único instante apenas. Gosto da minha alma para morrer nela.
Irreversível (não se pode reverter, voltar ao estado anterior) |