O céu é das estrelas, esperança divina de ser só em lacunas de estrelas para preencher com meu sorrir. Sorrir cada vez que falta fé, ainda tenho o meu sorrir. A única esperança de vida é a falta de amor. A clarividência do céu vê mais longe: se não há amor, vê estrelas. Deus é a clarividência do céu da alma. A morte é clarividência do céu no mundo. Começo a ser, a ser o que me separa da vida. O tempo é o suportar da vida. Tudo em mim sufoca minha própria poesia. A poesia não dá conta da insustentável leveza do meu ser. O ser no ser é a esperança de ser. A lógica do nada é a vida, avança como o mar. O mar traz de volta as lembranças recolhidas no tempo perdido. Recobri minha pele de ausências. Ausência é o que há de positivo em sofrer. Não acredito no acreditar que não vive, não morre, não ama. O fim é acreditar na realidade. De dentro do nada, o ser: imensidão do infinito. A alma é o rompimento do céu com a vida, para nascer luz de viver. Viver e depois da realidade. Tenho alma na luz de viver. Me liberto sem luz, na estranheza da luz, conforme sua escuridão. Escuridão é o preenchimento do nada. Aperfeiçoo a escuridão no vazio de ver. Ver pode ser a minha ausência vendo. Nunca sei quando vejo, se vejo. Renuncio a ver com a minha presença. Ver é alma. O torpor da alma é a vida. O morrer da alma é a vida. Minha ressaca da alma não me deixa viver. Vivo, pois o instante de viver está perdido. Vivo sem instantes, na plenitude. A minha alma é minha plenitude: em vida, no amor. O mundo da alma é o ser. Sem ver, vejo a alma. Ver somente a alma é ver com o olhar de Deus em mim. Olhar a vida me esvazia, é supérfluo, banal, como sonhar. O sonho esmorece meu corpo. Nada a dizer, tudo a amar. O significado da fala é o amanhecer. O significado da existência é o silêncio.