Parar de amar é o infinito sem o fim. Começar pelo nada é não começar, é deixar de amar, deixando-me amar. Rastros de cinza na consciência da vida. A consciência morta é mais viva, mais consciência ainda.
Parar de amar |
Parar de amarParar de amar é o infinito sem o fim. Começar pelo nada é não começar, é deixar de amar, deixando-me amar. Rastros de cinza na consciência da vida. A consciência morta é mais viva, mais consciência ainda. |
TraumaÉ um trauma viver. A alma é pele que não rasga, rasga o meu coração. Sem o silêncio do vento não posso falar. Falar do trauma não é um adeus, é o recomeço vital do nada. A fala das minhas mãos condena o amor ao depois. Fala por dentro do meu corpo, em que minhas mãos podem te tocar, te perder. A alma da morte é a vida. Para a morte não ter alma, é preciso cessar a morte. O intocável se toca com a alma. Não me lembro do intocável. A minha memória é tocar até desaparecer no que estou tocando. Tocar é mais importante do que eu. |
Existe em mimNada é o nada que existe em mim, senão não existiria. A sombra do nada é a percepção da vida como simples sensação. O céu separa a alma de Deus. Deus está dentro do ser. A fala do adeus escuto sem morrer. Minha alma existe como o que acabou sem nunca ser. Intenção não é objetiva, é morrer na vida do sonho. Nada fiz da alma, ela me torna melhor do que eu. O sorrir é a resignação do nada sem a minha vida. Procuro a luz do nada, ela existe apenas no meu olhar. O nada é o sonho do sonho. Deixar a alma sorrir é viver o sonho não sonhado. Às vezes é melhor ser do que sonhar. O ser é o sonho do sonho. Imaginar o sonho é cessar o sonho pelo imaginário. Sofrer é sem consequência. Nem a morte é consequência de sofrer. Nada demais em morrer: morrer é viver o outro em mim: esse é o encantamento da morte. A morte é o desinteresse do amor. Meu amor é frágil, pequeno, como a vida: por isso, estou pronta para morrer, como o céu tem que amanhecer. O olhar não amanhece. O tempo se escreve na vida. Como devolver o tempo para o tempo? Trabalhando a morte, a torno melhor: nunca é melhor em mim. Somente se sofre de ausência sem ausência. Ausência é o nascer, úmido no seco de amar. Ausência é orgulho de viver na vida. O orgulho de viver é a vida sem vida. Se a vida existisse apenas em mim, não saberia ser ausente de mim sem morrer de mim mesma. Nunca serei a vida. A vida pode me usar. Viverei todas as almas, vidas. Terei todos os sonhos. As flores sonham no despetalar da eternidade. O riso, o choro são eternos sem o ser. O olhar é a segurança da alma. Nem o céu, nem as estrelas têm o meu olhar de poesia. |
A função da imagemMinha imagem me esquece. A imagem é sem função. Importante não é o que existe, o importante é o amor. Amar da existência a inexistência, apegando-me à imagem da morte, é ser no meu fim. |
Lógica sem palavrasA morte é uma lógica sem palavras, onde abstraio a vida. Nada posso ser sem o meu amor. Meu amor, nada é sem a inexistência. O sol, inexistência de Deus em Deus. Deus existe para os outros, não para si. O colorido da alma se desfaz em ser. O espírito é a razão de tudo. A alma é a certeza de tudo. O ser é a lembrança de um vazio inexistente. Mudar de inexistência cessa o vazio de estrela. O momento da estrela é essência. Aonde vais com minha estrela? Minha essência é o meu amanhecer. Minha estrela é a morte. O brilho visceral da estrela é o meu coração. Chorar sem estrelas é nunca ir para o céu. |
ObviedadeÉ óbvio que vou morrer, mas duvido. O apoio do nada é o nada a se desnudar. A vida oscila entre a alma, o amor, o nada da morte, e o meu corpo. O corpo do nada é a fé. O corpo tenta ser o nada do nada. Obstruir a alma com o meu ser. Ninguém é os olhos do nada. A permanência é a dúvida de ser. |
Poesia feita de um único instanteO nada não é o nada, ele é depois do ser, é a poesia feita de um único instante, por isso, não está perdida. Cansei de dar asas a ilusão de viver. Está a morte dentro de mim. A consciência de viver, não está isolada, está na ilusão. Não há nada a buscar na ilusão de compreender. Não se compreende a ilusão, sem compreender a verdade. O que é real se pode encontrar na ilusão: amor à poesia foi feita de um único instante e compreende a vida. |
IntervaloO intervalo entre ser e não ser é a vida, ou a pausa da vida: soa como música. Ver a vida são momentos raros, intervalo da alma. |
Dúvida é féFaria as coisas serem algo sem vê-las, sem imaginá-las, sem milagres, apenas amor. Amor que o silêncio não pode tirar de mim, meu consolo de ser só. Meu consolo de ser só é companhia de muitos. Amanhecer em mim é a minha eternidade. Almas se fechando, coração se abrindo ao céu, sem fé. Esta sou eu: minha fé é o amor. |
A escrita ou a vida?A escrita ou a vida? Posso ter as duas coisas? Posso imaginar a imaginação? Não, ela é o que ficou da alma, atrás de mim. É a hora de saber, de que minha alma se trata: da minha última morte. Da vida. Pela minha renúncia, lembrei da alma, não de mim. A verdade da alma é a sensibilidade. Por que diria alma para minha inexistência? Quero compreender a alma em sua incompreensão. A alma ofende a ilusão em sua profundidade. A profundidade é apenas o mar de braços abertos, para me ver sorrir, ao menos comigo a morrer na minha morte. |