Preenchi-me de amor, continua vazio, obscuro em mim: isso é ser sentimental. O vazio do começo é o mesmo do fim: não é o fim que me torna vazia, sou eu. Para ficar sem o vazio, para falar só, comigo. O céu é um interior solitário, onde posso me abraçar, assim, da mesma maneira, o vento corre para os abraços do nada. O ser é apenas fragmentos de vida, separado da vida numa separação de vida. O amor, sendo de vida ou morte, vale a pena. O nada da minha alma me faz me amar. O amor afasta a realidade do sonho. Eu distancio a vida da morte. O céu afasta de mim minha única realidade: não morrer. Deixa as unhas do meu coração ser tuas mãos. Meu corpo salva minha vida sem mim. O olhar é uma viagem sem volta. A sombra me assusta ou será a sombra a minha imagem? A alma não se desenvolve fisicamente. A alma desenvolve, cria o céu. A sabedoria do céu é a solidão do ser. O céu é apenas uma única forma de me conter, de espalhar estrelas. Materializar um céu sem alma, onde não há nem o silêncio, nem a ausência, nem o ser. Para incerteza, de mostrar que o céu existe, ele está em mim. Pela incerteza existe vida. A vida do meu corpo é invisível, num corpo visível. Petrificada no medo, não quero reagir. Reação é uma ação involuntária, como morrer. A morte cheia de corredores vazios, para a minha solidão.