É difícil ser eu ao me imaginar. A morte é o bem da alma. Imaginar explica a vida. O fundamento do ser é o ser na morte, na alma. A alma acelera a vida para o morrer da vida. A urgência de morrer é o nada. O nada na pele. A espera da alma é a morte. Não se pode esperar a alma. O não se ter alma é ter alma. O nada, ventre da minha alma, é a minha esperança de não ser só. Ser só são olhos, olhares, que ninguém vê. O olhar é uma inexistência. O ver sem a presença é a continuidade de mim, apenas pelo meu corpo, não por mim, por outro ser. O corpo, aflição da alma: cessa a minha aflição pela bondade de Deus. Acabou minha vida, ainda tenho o mar das aflições para viver no nada, parada no meu olhar. O olhar desperta lembranças inexistentes. Controlar o olhar é morrer. Vivo pelo meu olhar. Ainda há vidas de verdade. A verdade do olhar é Deus, o que não se vê. Ver é esquecer a vida no ver da presença. Cesso meu ser em ver.
O nada são meus olhos ao ver a vida |