A realidade não sabe que é real, mas eu sei e a amo como se a conhecesse. A alma é sem realidade. O tempo acontece isento do corpo, do ser. O ser sem o corpo é perfeito, é o nada atravessando a dor na tristeza. Não há dor maior do que ter um corpo. O corpo nasce da falta de necessidade de morrer. O mundo é a necessidade de morrer sem corroer a morte. O que o corpo não quer, a morte quer. O corpo é a vida separada da vida. Nada falta à morte. A morte une, seca e elabora. Pensar é partir. Parti tanto que meu corpo me sente sem partir. Partir é ter infinitas almas. Os olhos veem o partir sem pele; o amor me faz partir de mim. O partir sem amor é o ser. O amor se diminui ao viver. Nada tem seu momento. Calafrios de morte invadindo o amanhecer. O céu não amanhece, mas se distrai em estrelas tão vivas, puras, inocentes, que parecem a eternidade dos meus olhos. A morte torna o amor nada. Esquecendo a memória, lembro do passado como pele que não vai nascer, nem existir. É sempre, é jamais. A continuidade da pele é o espírito, para viver.
Como se eu a conhecesse |
