A existência prolonga a morte, torna a morte o que ela é. A ausência de mim é o nada em Deus.
A existência não é ruim para a morte |
A existência não é ruim para a morteA existência prolonga a morte, torna a morte o que ela é. A ausência de mim é o nada em Deus. |
ProximidadePela falta, a falta de estar com o outro é a alma, me une a mim. Não há motivo para eu ter razão, a proximidade é minha razão. O ser é a impossibilidade de si na possibilidade de outro alguém, na minha impossibilidade: me torno um ser no outro. Querer não é pensar, é ter um objetivo sem nenhum pensar. O pensar existe apenas na ilusão. Sonhar é o nada artificial. Superficial como o respirar. Não existe sonho para o ser, esse é o alimento da alma: a falta de sonhos. Sonhos são mortes. O mundo é falta de luz, onde meus olhos veem apenas o céu. |
LucidezA lucidez de amar determina a morte. O céu é o corpo. O pensar cessa o céu. O céu da alma é o fim, o céu do ser é o infinito. O fim do teu olhar é o meu infinito. O infinito não pode ser o céu. |
Imprescindível (essencial)O nada me faz viver. Ficar sem o nada é morrer. A calma de morrer é não transcender. Deixá-lo sem morte é essencial: como o ar que respiro. Eu não tenho interior, quero apenas sentir o vazio da alma como morte. Nem para morrer como falta do interior eu sirvo. O interior me devolve ao nada. |
O olhar da vidaO tocante de morrer é o olhar da vida dentro de mim. A segurança de morrer: é um suspiro no olhar. A insegurança não tem um olhar. O olhar cessa o céu. De céu vou viver. A vida é justa na inexistência da alegria em Deus. O olhar demora a acontecer no que vê. O olhar no corpo é morrer. Não existe o olhar no corpo, e sim na vida. O tempo não faz morrer. O medo de morrer não é morrer. Morrer é um pedaço do céu que não existe no céu: existe em mim. Esconder o amor é libertar o nada. |
Ouvir o realOuvir o real é ouvir Deus. A fé não precisa iluminar a alma basta ouvir o real. O nocivo vai além da vida, além da vida, além de Deus. O real é tornar o ruim inferior a Deus. O continuar é sem vida, é não escutar o real. Escutar o irreal, o transcendente, apenas Deus escuta. Deus é irreal em si. Escutar é a vida do nada: tem apenas beleza. O silêncio não me escuta me fazendo viver. Se eu tivesse a bondade da vida seria feliz? A alegria não existe só. Eu fui só em ser feliz. Ser feliz é me conhecer para ser o conhecimento da vida. Nada interessa a vida. Acompanhar a morte no seu amor é impossível. Deixa-me entrar na sua morte, conhecer o que quer que seja. Que não seja amor, não suportaria tanta alegria. |
Referência de vidaNada espero da vida. O olhar é a sombra, o passado do meu ser. O ser é a única qualidade da vida. Não quero sentir a vida se resumir a mim. O desnecessário é essencial. A razão é o fim da fé. Fé é a perda da alma. Renunciar a Deus é morrer. Fala, age, por mim, protege meus sonhos: duram na morte. A morte é uma entrega de alma. Minha alma em carne viva, como fogo de vento. Se Deus pudesse me ouvir, a vida seria melhor? O que é Deus na minha escuta? É a minha alma muda? A reflexão é o vazio de não existir, não pode ser inexistência. Não lembro da alma real, da alma irreal lembro com amor. A vida é o esquecer irreal na lembrança do real. O tempo é a irrealidade do ser. O tempo criou o não amar. Vida é falta do tempo. A falta de céu é Deus em Deus. Nada me separa da separação. Nada posso fazer com a vida. Há apenas algo a fazer: não rezar por ela, não ser por ela: ter o sentimento separado da vida. A vida não tem amor. Não posso criar um amor para a vida por ela ser eterna. Posso dar vida a Deus na minha tristeza. A tristeza é melhor do que Deus na ausência de Deus, ela me cura da solidão. |
O que há de necessário em existir algo?A alma separa o ser do não ser. A alma existe pela inexistência das coisas, como um céu depois do céu. Existir como pedaços de alma não me torna alma. |
A verdade sem o sentir da almaPara incluir o corpo na morte tenho que ser imortal. É suave morrer na imortalidade vazia. Não é necessário viver com meu corpo separado de mim. A verdade sem o sentir da alma sou eu. Amar é morrer sempre mais. Morrer é uma emoção afastada, morta, que precisa renascer de um corpo inexistente. A consciência não renasce. Ser feliz sem ser é a alma. O nada é feliz. O renascer é ausência de Deus. Deus é uma realidade sem sonhos, sem necessitar sonhar, como uma alma perdida. Meu cheiro de alma é a minha realidade. A realidade é minha eternidade. Sonhar é presença. Somente a fala é ausente para existir a existência. O existir é silêncio interior e exterior. Nada falta à alma. Derramo-me em mim para não ter alma. Alma é a pausa entre ser e não ser, entre a vida e a morte. A morte é apenas física, morrer é como construir o sol com a alma. |
O som sem o olharFazer da imortalidade da alma uma vida comum é como o som sem o olhar. É a eternidade sem eternidade, é como nunca perder a alma. Nunca perder a alma, é nunca a ter. O som sem o olhar é me permitir o fim, o meu fim. O som sem o olhar é excluir o mundo de mim. Sem mundo, o som se torna o som do nada. O som sem o olhar é a realidade dos teus olhos: afagam minha tristeza. Não há tristeza sem o som do olhar, seja ele real ou imaginário. Eu sou um olhar sem som, que busca no silêncio o amanhecer. Amanhecer são vários sons e nenhum olhar. O som do olhar não se aflige na alma. Não sou resistente à alma. A alma é o meu respirar, nenhum som prejudica o meu respirar, é como se ele viesse antes do som, e o som fosse o cessar do respirar. É como se o som fosse a vida. Não posso respirar perto da vida: seria mediocridade minha. Seria uma afronta à vida. |