A morte é o novo de algo passado. É recurso sem a morte, mesmo sem existir recurso, pois o infinito supre a falta de recurso. Basta olhar o mar e a vida toma-me. As divergências do mar e do Sol fazem a vida. O nada sem ausência é um ser morto. O extremo de não morrer ressuscita o ressuscitar com a morte, mas o fim não ressuscita na morte, é virtual. Escolho o fim como quem escolhe uma flor. A flor é poesia intocada em sua morte. Existo na minha essência: o nada feroz como a morte sem precipícios, sem faltas, apenas a selvageria do nada a impor sua falta de destino, a impor sua paz. Não a paz que isola o mundo, mas a paz que agrega o nada, acolhe-o, ama-o. O céu desperta a vida, o ser, esse nós escondido como morte, como fim. O fim é real; o céu, não. Ele é um sentimento de amor que arruína a vida. A consciência do corpo é a morte. O Sol dura na morte, onde o Sol se vê. Tudo é real pelo Sol, sem o sacrifício de existir, é como se houvesse apenas existência no mundo. Há coisas mais essenciais que a existência, até que a morte nos separe. Pensar cessa a poesia, o meu ser. O mundo é a incoerência do meu ser. É fácil terminar minha morte, o difícil é começar nela. O fim da minha morte sou eu. Nada tem fim sem a morte. Ela deduz o tempo de ser. Escrever é uma cruz quebrada dentro do meu corpo.