A paixão pela vida dando um fim ao tempo. O tempo necessita do fim, mesmo em atropelos. Viver sem vida, em uma realidade inesperada, é o meu amor. O nada é o amor presença. O céu, um amor ausente, um milagre. A tua ausência escapa na minha ausência. O limite do céu é Deus. Vivencio o nada quando estou dentro de mim. Minha alma estala-se de morte para não se contorcer de vida. Minhas mãos são mais que alma, vida, amor. Céu, onde está na vida sem céu? No Sol da noite, na alma do amanhecer? A Lua esconde o ser do dormir, por isso sonho. Sou meu próprio sonho no infinito real. Meu fim é meu rosto no meu sorrir. Sorrir, fim da eternidade, começo de uma alegria alheia a mim, por isso sou feliz. Afastar o alheamento na distância do infinito presa a mim. Meu corpo é apenas um corpo. Eu sou apenas eu. Minha alma é apenas alma. A indiferença da alma comigo faz-me acreditar em mim. Deus não é o fim de tudo, é a minha morte, por isso não tenho fim. O escutar esmorece a fala do instante que fica entre a vida e a morte – e quem morreu fui eu. A vida quis assim, contra tudo e contra Deus. Deus é vida.