O semblante do Sol da vida em palavras raras, inesquecíveis. Apenas o Sol me vê. O Sol é minha consciência, força eterna. Resplandece a morte ao atingir o céu. Cedo para chorar, tarde para sorrir. O que vejo é o que sou? Ser é ver? A imensidão carrega o ver no absoluto do sempre. Ver é o sempre de mim. O mundo é o fim do sempre em mim. Fim sem fim não existe. O ser é diferente de ser. Como o ser ama? Da mesma forma que respira. O sempre é o respirar internalizado como alma. A alma de dentro e a alma de fora, mundos diferentes. Como unir os mundos apenas em nós? O que sinto no mundo? Sinto o mundo, não a mim. A falta é o mundo. O mundo não é o ser, é a irrealidade em amor eterno. O significado é a ausência de tudo. A ausência é a voz da consciência a inundar o silêncio, em um amor maior que viver. A ausência é a essência em uma lembrança. A essência é o absurdo de viver em uma lembrança que partiu e, assim, resta a vida. Não sei o que é vida. A lembrança encontrou seu lugar. Escrevo sem vida, por isso as palavras nascem de mim. O que amo nas palavras ninguém mais ama. Vemos o outro, esquecemos o que ele diz. Às vezes nada precisa ser dito. Amo a palavra dentro de mim. Queria ser apenas uma palavra e salvar o mundo do silêncio, da sensação que tudo é igual. A palavra diferencia a vida, o mundo, faz do meu sentir a eternidade das palavras. As palavras não se comunicam entre si, mas precisam ser ditas, para eu ser real para elas e para mim. Não há contradição entre o real e o irreal, são as mesmas palavras. O instante é o fim da palavra e o começo de um diálogo sem palavras, em que a origem se mistura na existência, em um diálogo longe da vida, da humanidade. Converso com o silêncio. A morte é um arrepio, palavras da água, do ar, da terra, do fim, da vida, mesmo sem a vida. Relevar, nunca deixar de amar neste sempre só de mim, onde sobram palavras para tanto amor.