Perturbação por não morrer pelo que eu escrevo não ser eu. Não me conhecem nem em poesias. A poesia é o limite entre a vida e a morte, a lucidez e a loucura, entre a falta de aparência e o nunca aparecer. O cheiro da vida lá fora causa náuseas. Náuseas são almas vivas. Haverá amanhãs sem o amanhã, acordar sem dormir, morrer sem ter vivido a vida sem vida. Nem escureci para morrer. A inconsciência é minha morte, minha única chance de olhar para o azul do céu. Matar, morrer não é tirar a vida e dar ao interior. Nada me falta em morrer. A vida é inútil com amor ou sem amor. O sonho é a união entre o interior e o exterior. As flores se amam com naturalidade, comunicam-se em silêncio. Para desacreditar é preciso acreditar? A morte é a única realidade de ser, existir. A morte não se constrói na irrealidade, a morte é algo que foi construído até o fim, sem deixar pedaços faltando. Morte é estar inteira em mim. Há silêncios que estão inteiros em mim, mesmo assim, não consigo juntar os silêncios para viver. Acaba sendo eu que separo o nada do silêncio, criando ausências. Nada está no teu vazio, sua presença é esse vazio. O silêncio se aprimora sem a vida. Tudo se resume no silêncio interior, que é Deus. Nunca silenciarei a minha dor. O silêncio da minha dor é Deus. Deus precisa da minha dor para tornar a vida perfeita. Continuo a morrer amanhã, o amanhã não se ouve, não se ama, não se vive, apenas se esquece, como sendo a minha presença na minha sombra, que retorna um sol que amadureceu não na minha alma, mas na alma do sentir que aceita o sol como seu amor. A vida é o comunicar da morte consigo mesma. O fim da vida não é a morte, é a vida.