Medo de ar a amar meu amor, num coração sem ar. Daria tudo para a vida me amar, como ama o mar, o sol. Amanhecer não é a única vida, há a vida do amor. A ausência do corpo domina a morte, e o corpo torna-se imortal. O corpo se cansa em morrer. Estou só no meu corpo, na alma, nada é só, apenas eu sou só. Procuro saudade no vazio. Vazio é lembrança eterna. Deixa a saudade ser uma lembrança. Vivo pela saudade da vida. Não desapareça, não seja apenas uma lembrança, alegria. Deixe-me sonhar contigo. Sonhos são almas perdidas. Vivi o sonho sem alma. Apenas no sonho nunca é sempre. O sempre cessa antes do sonho. O ar do sonho é o amor. O céu não sonha, mas nos faz sonhar. Perdida em sonhos, não sei como deixar de ser um sonho. Em ti alegria, meus sonhos parecem despedida. Dormir é o nada no vazio. O respirar contamina a realidade. Vejo a realidade no meu respirar. A eternidade está nas coisas vivas, não no ser. Eternidade é vida, que meu ser não possui. Tenho que sentir a morte concretamente para viver. A vida é apenas me sentir morrer. Me sinto morrer, vivo em paz com meu corpo, alma, amor, por morrer. Não tenho alma para morrer. Mas morri sem alma. Ainda tenho o meu amor, que é mais do que viver. Tenho o céu quando amo. Procuro resposta para a resposta do meu abandono. Preciso morrer, e ainda me abandonar? A alma é criação de Deus, na falta que faz o ser para Deus. Tudo está conectado no amor do ser. O amor que lhe damos. Meu ser é apenas amor que lhe dou. Dar Deus para alguém pelo amor é tudo que consigo ser, oferecer. Não consigo ser mais do que isso, nem quero ser. A única presença é a da morte. Por isso a morte fala ao coração da vida, com o meu amor.
Ecossistema do coração (sistema que vive entre os seres vivos) |