Quem escolheria na alma o que ainda existe em mim?! Choro por me dar a mim da mesma forma que estou vazia. Mesmo vazia, preencho a vida com meu vazio, que não é só, é vazio, oco por dentro! Mesmo assim, podia não ser vazia, mesmo sem escolha, me dar a mim ou a alguém: é mais fácil que decidir entre ser e não ser! Mesmo não sendo eu, me sinto eu por amar! Por amor, deixei de amar, admirar, idealizar a vida para vê-la como ela é! O corpo sem a alma é imortal. A imagem da alma é a vida! O nada é lindo na beleza, da ausência, que substitui a realidade, e a irrealidade nas coisas: o real e o irreal delas nunca mudam, mas o sentimento do ser muda, dependendo da realidade ou irrealidade, que me cerca! A falta do irreal é a falta da vida, do meu ser! Caminhos mudam seus destinos, mas o ser não pode mudar seu destino! O destino do olhar é a solidão. Meu ser não é só do meu olhar, do ser, é ir além do olhar, é caminhar pelo vazio do pensamento, me separando do corpo, da alma, não de ti! O corpo sem corpo quer definir como a alma deve ser para sua inexistência! Existir é fácil, difícil é deixar de existir pela morte! Sou capaz de tudo para morrer, até mesmo transcender sem alma, sem a atitude que o vazio me dá! Chega de sonhar com o amor, vou amar, até que o amor me ame! Vida, não posso te fazer feliz a vida, entregue ao sol que não amanhece, à escuridão do céu que necessita de estrelas. A vida continua pelo céu, por mim, mas não continua pela minha ausência! Vejo a vida acabar, mas, pela minha emoção, pelo pensamento, a vida está apenas a começar! Não me ame como se tudo faltasse, por esse amor a vida reinventa as perdas em ganhos, para que eu consiga morrer! A vida não é apenas vida, é o momento interior que me dei a mim. Tantas vidas desperdiçadas em viver, em ser algo em mim! A vida é uma escolha ou conveniência? Guardo minhas distâncias, meus isolamentos, ausências na alma! Nada é distante na alma, por isso, deixando nela minha distância de mim, me sinto melhor do que a alma! Me distancio de mim, jamais da alma! A vida diminui o ser, ao demonstrar o quanto meu ser é inútil em seu amor, em minha vida. Há infinito amor sem o meu ser! A minha vida é a busca do meu ser, com ou sem amor, com ou sem vida, meu ser existirá para mim, nem que exista apenas para me olhar morrer! Para existir consciência, é preciso o mundo, a vida, onde não penso em existir! Existir não é consciência de nada! Tudo se diz amar sem o silenciar de um instante vazio! A vida sem escolha é o amor, preenchendo a falta de instantes vazios! A vida por uma escolha é o fim da vida, que distribui faltas, preenche a dor! A falta é o ser reagindo a ser, mas nenhuma reação acolhe o ser! A morte acolhe meu ser, mas é sem reação. A lembrança não reage ao que perdeu, a lembrança não se importa de não ser nada no ser. Para o ser, a lembrança não existe, é uma invenção da minha alma! Deixo minhas lembranças no esquecimento de outro alguém, onde o meu pertencer é eterno, por ser apenas meu! Mas as lembranças tornaram-se alma, numa disposição para viver ou morrer! A vida não são minhas escolhas, a vida é a minha presença. Não importam as escolhas, se elas não me fazem amar, ser feliz! Não existe amor sem alegria. Cada escolha minha é a certeza do amor, da vida, vivos em mim, onde nada é o nada, tudo é tudo! São escolhas da alma, que surgem como sendo o meu ser! Eu sou minhas escolhas, como se tudo tivesse vivido por escolher! Eu escolhi amar, ser feliz, como se existisse apenas esse instante em que sou feliz!