O corpo do nada tem a força da vida. A adaptação do corpo é a alma. Pode fazer com que eu não tenha alma. Ainda serei eu, não sentirei falta de ti, alma, na minha solidão. Minha solidão é ser, sonhar. A alma sonha como se tivesse a paz da morte nada me sorri. Essa é a presença do nada, que me faz sorrir por dentro, onde ninguém sorri. O tempo age para a alma descansar. Não me contenho ao morrer, por isso não morri. O demônio de não morrer é a poesia do caminho até o meu amor. Não há amor na ilusão: a morte é real. Não me desgarro de mim na morte. Mas a morte não se afasta. Se afastar a morte de mim, perderá o meu amor. A morte é a única coisa rara, especial, no amor. Esfrego a morte do meu corpo para ela sair de mim. Assim como sai como nada. Nada cura mais que o nada. Há nada em tudo que existe, pois minha sombra não fica na tua sombra: não é a ausência, é tristeza. O indefinível, sem ausência, é um jeito triste de não dizer adeus ao nunca mais: soa mais distante que a distância. Nunca se fala no tempo, se fala no ser. Não é tempo nenhum, é apenas ser. Apenas falta de ilusão: iniciativa de viver. O nada tem muitos rostos, não o nada, apenas nós. O que é verdade? O ser nele mesmo. A distância do que sou hoje rompe em mim sem amanhecer. Amanhecer é miséria da alma. É fácil ter Deus nas aflições, se elas forem Deus em mim.