Para me sentir plena, não preciso viver: basta eu suspirar como um pássaro ferido, ser as asas de um pássaro. A vida plena cessa sem alma. A alma tem que amadurecer sem ela mesma. A alma não ama sem alma. A infinitude é a fragilidade do meu pensamento, que é todo o meu corpo, toda a minha alma, na minha inconsciência de vida. Guardo minha morte no meu amor. O que vivo é o que sou? Ou é o viver que vive em mim? Não preciso de mim: preciso apenas do ar da imaginação para respirar numa ilusão perdida. A realidade é irrespirável, como uma canção muda. Sair pela alma na inconsciência da vida. Voltar para a alma na consciência da morte. Mas nenhuma consciência ou inconsciência cessa minha alegria, cessa apenas o meu ser.
Vida plena sem o prazer de viver |