Te vi sem te ver pela ilusão de ver que é apenas eu, no meu fim. Fim que eu conquistei, amei. E até o perdi. Perder o fim na alma é decepção. Ganhar fim na alma é o êxtase da inconformidade. Amo pelo nada me separar de mim. O que se ama no fim não é amor: é vontade de viver. Viver para encontrar o amor, mesmo como fim. O amor surpreende o fim, o ensina a se aceitar: nem tudo está perdido no fim. Amar o fim entre tantas coisas para amar, me desprende da alma. Me faz ser eu sem ter aprendido a ser eu. Assim, sou mais eu ainda, tanto na vida como na morte. Não me peça para esquecer o fim, seria me esquecer. Não tive uma vida, tive um fim. Mas não sou o fim de mim mesma. Sou a poesia que me faltará sempre a escrever. Mas ela já são meus olhos, meu corpo, alma. O fim da poesia não é outra poesia, não se começa um sentimento noutro sentimento. Cada poesia é um universo. A poesia é onde aprendi o sonho de ser feliz. Mesmo morta continuarei a sonhar: vou fazer poesias no céu, onde minha alma serão minhas mãos. Posso estar em qualquer lugar desde que possa escrever, sonhar, amar.