Blog da Liz de Sá Cavalcante

A inteligência é essencial para eu viver

A falta de refletir é a presença da alma. O refletir da alma é o sol, o céu, a vida, a minha essência. Nada é bonito ao se ver, mas é lindo ao sentir, onde não preciso olhar pra mim. Pensar é a presença do nada, na minha vida, que não é mais minha vida, é vida da minha presença.

A consciência é incapaz de me fazer existir

O despertar da consciência dorme no amor que tive um dia. Descansa tanto, é como se ainda estivesse amando, por tudo que fui um dia. Morri, mas a consciência não deixou de ser minha. Quando nada se é, se é feliz. A alegria da alegria é sem sol. A ausência do sol é feliz. O despertar sem despertar não esquece de me fazer viver. O sol vive longe de si mesmo. Quando o sol se aproxima, sua distância é mais real que o sol. O sol é que preciso amar me amando. A realidade é apenas uma gota no oceano do ser. O céu vai se partindo em ausências de nuvens. O sol não é o céu. Céu é mais do que o amanhecer, é a esperança de depois. Se faz alma sem o céu. O céu reveste a alma de um nascer novo. O tempo, vivido em ausências, que não consigo carregar em mim, então me carrego na minha ausência. Ausência é a pele do meu corpo, quem perde a ausência escapa de ser. O silêncio é sem ausência, por isso é uma dor ausente, que posso viver sem ela. As palavras perturbam a ausência interna, que não faz parte da ausência externa do mundo. Viver sem esquecer é não ter vivido. Queria viver sem a lembrança da ausência. O amor não se lembra, se ama. Tudo que satisfaz não acontece, não é bom para o amor, satisfaz, como um sol que incendeia sem chamas. Quero ver a vida como me vejo.

O nada é um abismo sem fim

Começar a viver, pois o nada é um abismo sem fim. O nada é renúncia eterna da falta de vida. A vida são renúncias, disfarçadas de mim. O céu é a renúncia de Deus. Continuar sem renúncias, esperando o céu como se espera por Deus. O nada dessa espera é o sofrer, sem renunciar ao ser ou à dor. O tempo se comunica em renúncias. O tempo existe, renunciando a si mesmo. O nada é um abismo sem fim, consolo para o tempo não se sentir só. Nada é só, se há o tempo. Mas, o tempo é só, estou me guardando para quando o tempo puder me amar. Quando no tempo houver amor, ninguém vai querer o tempo, por ele ser necessário para amar.

O desaparecer do desaparecer

O desaparecer aparece como morte, única aparência que consigo olhar por mim. Não consigo olhar a morte como morte, a vejo como sendo eu. Neste ver a morte, nunca desapareço. A morte me vê desaparecer, pois a razão de ver deixa a morte vazia. A morte conhece sua razão de ser, por isso perde-se em suas razões, o desaparecer do desaparecer é uma maneira de te ter. Ter você não é saber que você existe. Fiz da morte o teu olhar em mim. Teu olhar em mim faz comemorar a morte, o amor, a minha alma, que conduziu o meu destino, me fez morrer quando devia morrer. Agora, não sei se quero morrer ou que olhe para mim. E se eu nada precisar do teu olhar no meu morrer? Quero nada pensar, para não esquecer que pensar é bom. Não posso nem ao menos esquecer, pois o esquecer é o pensamento ainda vivo. O bom do desaparecer é que é pra sempre uma lembrança que não desaparece, apenas é esquecida como desaparecer. Um instante sem desaparecer é um instante perdido, uma vida sem desaparecer é uma vida perdida. Apenas a morte não desaparece e é lembrada como se desaparecesse. O aparecer quer apenas desaparecer, para conservar a lembrança do nada.

Conheço a vida pela alma

A alegria é a ausência de algo, que se perdeu na ausência de mim. O nada é a origem da alma, que desce pelas lágrimas como nada. Assim, o nada deixou de ser a origem da alma, calou o tempo com a vida. A vida foi eu, por um momento de poesia, onde transborda amor, até cessar o nada de ser.

O tempo psíquico

Não estou no tempo, estou no sentir do tempo que me faz amar mais ainda a vida. A vida não existiria sem o tempo. É o tempo que faz viver, não é a vida que faz viver. É pela alma que sinto o espírito. A alma sobrevive à vida, ao tempo, ao meu ser, ao amor que sinto. A vida cessa quando eu a sinto. Se o amor não é um sentimento, o que é o amor? A falta de sentir quando amo? O amor traduz o real sem o real. Veem-me sem eu existir, a inexistência é o olhar que falta na vida. A vida é o próprio olhar que lhe falta. Vida e morte se veem, se misturam. O ser vive, ama como alma, até mesmo em sua morte, é quando vida e morte se separam, no suspirar de Deus.

O amor é a sombra do ser

Meu coração é alma com vida. A consciência, não criando o amor, pode ser só. Mas a consciência se tornou amor! Desapareci para a morte como se um novo sol fosse amanhecer eternamente na minha alegria. A alegria de não encontrar a vida é a mesma alegria de morrer. A eternidade nunca será alegria. Não terminei de morrer, não sou nem fragmentos de mim. Nada sou sem morrer.

O infinito na vida

O infinito é um amor que carrega o tempo como cinzas ao vento. Continuar pelo existir em mim é mais do que o infinito. O infinito na vida faz nascer o meu corpo em mim. O infinito na vida é o meu corpo sem alma.

Essência do nada

Não há presença sem sonho, não há sonho sem dor. A falta é o meu amor. O amor somente falta quando não é falta. A falta é o que nunca me falta. Esta não é a vida que eu vivi, por isso, faz sentido na solidão e na proximidade do nada. A vida não é presença de nada. A consciência é a verdadeira vida, presença eterna de mim. Nada preciso ser para ser eu. Apesar da minha dor, existo ao menos em mim. Existir não faz amanhecer. Amanhecer é o vazio de mim. Como explicar que sou o sonho de alguém, que existo como o renascer do meu ser. O renascer do meu ser é a única presença do meu ser. A essência do nada é a infinitude da presença.

Decepções vitais

O despertar é o nada, é o sol, é apenas a falta de abandono, alma de ventania. As decepções se unem, sem partir meu coração de dor. Se vive dormindo ou acordada, sendo ou não sendo um ser. Dormir não me torna menos ausente, apenas mais infeliz. A alma é o sangue vivo, para morrer como ser, para eu continuar a dormir meus sonhos, semiadormecidos por morrer, eternamente dormindo em viver. Partir no despertar, livre, no silêncio de quem dorme com minha alma dentro de ti, onde o sonho é descoberto como amor, mesmo sem minha alma na tua, e a tua na minha. Sou apenas eu em mim, a viver essa solidão infinita, pelo desprendimento do meu ser, fui feita para mim e morrerei apenas para mim também. Da minha morte, restará o silêncio, onde não há o que fazer, pois não dá para calar o que sinto. Pareço falar pelo meu amor, que sempre será a vida que não tive e nunca terei, talvez seja melhor assim: que ainda apenas eu sinta o meu silêncio de morrer, onde cessa o mar. As entranhas da vida eram apenas morte, sem o consolo da dor, de chorar, como se acontecesse agora, sem o desgaste do tempo, aliviando a minha morte, da presença humana. Deixa o tempo revelar o que não sou, pois não sofri ao morrer, foi apenas mais um sonho sem nós, por isso é nosso sonho, sem que perca a alma, em sonhos perdidos por serem sonhados. Conduzi meus sonhos ao céu, por onde sempre me verão, por onde nunca vou morrer! As decepções me fizeram nascer como sol, para o renascer da vida.