Blog da Liz de Sá Cavalcante

A paz da vida não é a mesma paz da morte

A alma, partindo por sorrir, como se a paz da vida fosse a paz da morte. Percebi que não é a mesma paz, pelo desaparecer do meu pensamento, por dentro do meu amor! A saudade é um rio que corre sem água, na alma do nada, que não é vazia, como o rio que se perde num deserto de água, para satisfazer sua saudade, que não é saudade de mim, é saudade do tempo que se foi, no amor que sinto por ti!

Desamparo da eternidade

A eternidade do meu fim é a eternidade do meu ser, mas, sem alma, a eternidade é vazia, como sendo o valor, o significado de haver vida. Vida, foste a eternidade de um instante, onde a poesia me escapa, como uma falta! Não é fácil ser feliz pela eternidade, é uma ausência que me falta, como luz que não se apaga! Eu vivi a eternidade em plena luz, como se o meu olhar fosse o significado da eternidade, que esclarece a luz, na inconsciência da escuridão. A luz não foi sempre luz, antes era a imagem de Deus, sem eternidade, numa igualdade de amor, de fé! A alma do invisível é o eterno da eternidade, que não é apenas eternidade de olhar, é também eternidade sem o olhar, que torna a eternidade previsível! Nada pela alma é eterno. O ser é a eternidade da alma! A eternidade é a chance de lutar pelo meu ser! O ser é eterno no que faz, no que ama! O ser é o conhecer da eternidade como eternidade. Há sol, há vida na eternidade? A eternidade é o que já surgiu pelas minhas perdas. Agora, perdi a eternidade, até como perda, mas não ficou vazio sem a eternidade, a falta da eternidade deu vida à vida. Na presença da vida, a eternidade se recolhe, até ser o suspirar do brilho de uma estrela do céu! A eternidade não é o céu, é a vida, que recebeu, desde o começo, a minha eternidade de ser, que ilumina mais que o sol, mas não me fez viver!

O nada da esperança

Não vê, é o infinito, que se perde no olhar. A morte não me deixa só, no nada da esperança! É preciso sorrir para esquecer a solidão da esperança, para um mundo melhor, sem vida, sem paz! Apenas a morte do meu silêncio, a embalar a esperança de um mundo sem mundo! Por que não me vê sem esperança?! Eu nada posso oferecer de mim, sei apenas sofrer, numa esperança determinada por mim!

A força de um adeus

Morte é o imaginário possível, a vida é o imaginário impossível, sem a força de um adeus! Para viver, é preciso deixar o outro viver! É como o sorrir do sol, molhado de luz, luz que invade o viver, onde a força do olhar é a força de um adeus! O sorrir é o olhar desperto de emoção! A vida é a força do adeus! A imaginação é desgraça ou salvação! O que eu imagino se torna pensamento, como um mundo novo, numa vida antiga! O adeus torna-se o meu ser em mim! Quando a alma fecha meus olhos, sei que irei dormir, sei que amo, durmo, num adeus infinito! Ao menos, o adeus é sem fim, como se a vida nascesse da morte! A morte é o fim de um adeus!

A saudade da imagem não é falta da imagem

Gosto de transformar a aproximação no meu imaginar. No meu inessencial, é difícil aceitar ser amada. É um resto de luz, que não me deixa só na escuridão pela voz de alguém, me sinto só, pois percebo que a saudade não é real, pois é o retorno do nada, a desaparecer na escuridão, como sendo a profundidade da minha poesia. Enfim, eu! A presença do possível é que torna tudo tão impossível, que sou capaz de amar, me entregar de corpo e alma ao impossível!

A verdadeira existência da consciência é o amor

A alma vive sem o ser, o ser vive sem a alma, mas ambos não vivem sem o amor! O nada nasceu do amor, onde tudo se perde, nada permanece como sendo o que restou do amor! O nada é o que restou do amor, do próprio amor. O nada modifica a vida pra melhor, no nada a vida é livre para pertencer a alguém! Estimule a vida sorrindo, que faça a vida sonhar, estremecer de dor, agonia. O corpo se mostra morrendo, mas se vê vivendo! A verdade da existência da consciência é o amor. Mas o amor não satisfaz a alma, o corpo! A alma do corpo é a morte!

Como resistir ao sofrer?

Resiste-se ao sofrer sofrendo, como uma esperança recém-descoberta de viver! Sofrer é descobrir a vida, como sendo a última esperança, descoberta da própria esperança, para que ela tenha fim. O fim necessita da esperança para acontecer. A morte é uma esperança eterna, firme, mais firme do que a fé de viver! A ausência é uma esperança que se concretizou, deu lugar ao céu, às estrelas, onde possuir o nada é esperança, é o céu, é o depois, que somente termina depois de amanhecer!

Imaginando o abstrato sem a dor

Imaginando o abstrato sem dor, consigo sonhar, pareço livre para sonhar. A solução é o imaginário, onde eu não necessito de mim! Quero apenas imaginar, como se fosse um sonho! Vivo duas vezes: uma ficando e outra partindo! Mas não consigo viver da minha imaginação inexplorada! A alma volta para si mesma, eu não voltarei a mim, se eu não puder me imaginar! Deixo o sonho me imaginar, como se eu fizesse parte dos meus sonhos. Falta a vida chorar pela vida que se foi, para ser vida! Tem vidas que não são vidas de ninguém, são enfeites, acessórios que se usam para não pensar na inexistência da vida! Sem a inexistência, com o que se enfeitar? O que usar para ser feliz?! O espelho é uma vida aprisionada, sem imagem, a única imagem é a do nada. O que vejo no meu ser não é o meu ser, é apenas uma possível aparência a se desfigurar no nada que sou, para poder ter uma aparência defeituosa, não é de vida, nem de morte, é apenas uma aparência vazia ou, então, é o nada da aparência, que aparece mais do que a aparência. Como me preocupar com aparência, se ela é morte, é dor? Mesmo assim, prefiro ter uma aparência a viver?! Mas viver é apenas viver a aparência? A saída para morrer é viver! Para morrer, basta viver! A dor nada é sem o ser, apenas assim a aparência é possível: na dependência da dor, as palavras surgem em mim, como o sol no amanhecer improvável da existência! Tudo amanhece onde nada existe! A alma amanhece sem o amanhecer! Na dor não há ser, há apenas dor! A escuridão não é dor, o ser é dor, mesmo sendo inexistente. Há um fim no infinito do amor, que é mais infinito que o infinito!

Superioridade

A alma se esgota no inesgotável do ser. O ser é superior à alma, pode amar, abraçar, pensar, viver, sofrer, morrer! É pela alma que encontro o fim! Tudo que faço é morrer, antes de o sol partir, como despedida da vida! Alegria, venha com amor, meus olhos saltam sem o vazio da compaixão, por uma alegria que não é minha, nem de ninguém! É preciso continuar a morrer, como se eu pudesse pensar, que nada me falta a morrer! Não estou só, tenho alma, a invadir minha morte, minha vida, como se fosse o resgate do nada. Nada vivi de sua alma, por isso não foste o meu fim! Me deixa só, mas sem morrer! Tudo no amor é inacabado, infeliz, como se o amor pudesse viver apenas de dor! Aqui se faz, aqui se é, pela dor do amanhã. Como confiar na dor? Os mistérios da dor são o vazio do nada, sem dor, por isso prefiro sofrer, sem saber por que sofro. O vazio é o meu olhar perto de mim! A proximidade não é morrer, é como fazer dos meus abraços uma alegria para o nada! Nada viverá de novo a alegria. A alegria é a travessia do nada para o nada. Sou livre apenas nesse nada! Mas o nada constrói o vazio! Não encaro a realidade, nem pelo nada, nem pelo vazio, nem pelo amor, nem pela vida, nem pela morte! A vida ficou eternamente em meus braços, como um sufocar de tanta saudade, num vazio de ser maior do que a vida, onde nada é confuso, tudo se esclarece, quando olho o mar, quando percebo meu olhar afogado de amor. A vida é o amor que jamais terei. Meu olhar inunda meu ser de amor. Apenas meu olhar não é só no que vê! Eu abraço o nada, como se fosse a vida. Este é o sentido, do significado da alma: ver a vida na descontinuidade da vida, do amor, da tristeza, da alegria, do vazio. O vazio é a única maneira de tudo continuar a permanecer, nem que seja pelo silêncio absoluto do vazio! O vazio é sem mim, não sou sem o vazio! O vazio é a razão de viver! Pensar no vazio é o pensar absoluto. O vazio é tão inexistente como a alma, onde a alma aparece inexistente, como um raio de sol de solidão, a aquecer a vida no meio do nada, onde fui feliz!

Nada parece possível no amor pela vida 

A dor é falta de aflição. A aflição é um olhar que testemunha o mundo. A dor é a falta de olhar o mundo para a vida. A dor é a vida absoluta, inteira. Ninguém suporta a vida inteira, queremos ela aos pedaços. O amor é como essências abertas que fogem da alma sem alma, a única alma é o amor. O amor retorna à vida do meu olhar. Como suspeitar do amor? O que significa amar a vida? É substituir o amor pelo amor, almas fechadas, encerradas em essências abertas. Amo cada amor em mim! Tudo pode faltar ao amor, mas continua sendo amor, como se meu corpo estivesse exposto, sem sombra, rastro de vida, a única vida é amor! Não quero viver por nascer, quero viver por amar! A vida vai para tão longe, mas sempre volta pela força do meu amor, é apenas uma vida, com vários fins. Fins que são a imensidão do amor a desaguar num oceano de incertezas! A vida não pode fazer de mim o que eu sou, apenas eu posso me fazer ser eu. O canto dos pássaros protege meu silêncio de mim! A alma é um silêncio sem fim, onde não escuto mais o canto dos pássaros, nem o meu ser! A minha dor é sem mim! Se todo real é amor, o que é esse silêncio, essa quietude sem mim? É o tempo que passa, num amor sem fim! Vou desaparecer no silêncio sem fim, onde consigo compreender a vida! Meus olhos encerram a noite de sonhos. Tudo que vivi foi o que se perdeu em mim, e nunca mais será encontrado, da maneira que reencontrei você. Alegria, estamos juntas. Alegria, o que mais importa? A alegria não faz esquecer o que sofri. Sofro para não perder a alegria. Meu pensar não vai me devorar inteira. Sou apenas pedaço de mim, que se enrosca de dor no medo de amar. Deixo a morte seguir seu rumo, que eu sigo o meu! Seguir nem sempre é permanecer, por isso fico com o silêncio da vida por dentro de mim!