O nada é um descanso para a alma, é exaustão para o ser. Ser feliz cansa. O nada, se deixar de ser nada, tem que se afastar da vida. A ausência do nada não me faz viver. Não sei se o tempo e a vida podem salvar o amor. O nada salva o nada do ser. O amanhecer é o nada personificado de amor, que entra na alma da noite dos meus pensamentos. Se o pensar é o nada, o que sou para o nada, que o estimula a pensar? Talvez, o nada me ame. Amar é ser para o nada uma esperança de nada, mas ainda é esperança. A esperança tem que ser algo, mas de esperança não posso viver. A esperança é um nada, tão imenso, que me enche de esperança. Pelo nada, aprendi a não sofrer, a acreditar na vida. Se acredito na morte, tenho que acreditar na vida. Não se cresce na dor, é ilusão. Por fora, o nada é superficial; por dentro, ele faz da profundidade o caos. A profundidade do nada não é o nada. O encanto da profundidade é o desencanto. O encanto do nada torna o não ser feliz. Tudo que é distância está perto do nada: a igualdade entre o nada e mim é por onde o nada se distancia. Cessa a vida, para o nada existir. A minha distância da vida era apenas o nada. O que não tem solução no nada é sem solução pra mim, e assim se encontra saída, que é melhor do que uma solução. Longe de soluções, vi o amor, que, mesmo sem solução, resolveu a minha vida. O nada me trouxe a alegria de ser nada, como se meu coração tivesse certeza do seu amor.
Pelo nada aprendi a não sofrer |