Resta na pele a alma, como fadiga do amor. Feridas são a fala da dor da alma. O frio não sente o frio, que é morrer. A alma esquenta a morte, com suas lágrimas, prece nunca ouvida, de quem quer amar. Eu quero amar, como fala a morte e silencia a vida. A vida é eterna em seu silêncio, que pra ela não é sofrer. O silêncio é um véu que esconde o ser, não de si mesmo, mas da vida. O silêncio é a esperança de viver na minha pele, no meu ser, que não é a pele do ser, é um buraco, um vazio constante de trocar de pele, de ser, por morrer. Morrer na solidão não é morrer, o ficar junto é o morrer da alma, que dá vida ao ser. Não há nada entre o ser e a morte, nem mesmo a vida. O céu é apenas um pedaço de cada um. O espelho do céu é o próprio ser, do ficar sem alma. O que eu faria tendo alma? Não acreditaria no céu. O que o céu pode fazer por Deus? Não consegue manter Deus em si, mesmo assim é chamado de céu. Deus não está no céu, está dentro de si mesmo, para nos ajudar. Não há quem ajude o céu a ser céu. A luz, distante do céu, é também distante do olhar. Quero apenas a luz natural da lembrança da vida, que é a escuridão. A luz do desespero clareia a vida. Começo a me sentir, mesmo no desespero. Na força de morrer, nasce a vida, onde tudo é compreendido sem vida, sem palavras, sem dor. Apenas o silêncio, que é o eco do vazio, consegue perceber meu amor. Mas, eu não percebo, percebo apenas o silêncio. Sentir vazio é estar vivo para a solidão. Restos do vazio jogados longe de mim, nunca fui tão longe, nunca estive perto de mim, os restos de mim me aproximaram de mim, da vida. É uma idealização que preciso estar inteira, até sobrarem apenas migalhas de mim, que enterram apenas pela consciência. Sempre fui ausência, que não consegue partir. Fica, dentro do esquecimento, onde a aparência é eterna, é como a vida que não possuo, não sinto, mas a imagino pela aparência da falta de aparência. Aparecendo ou não, meu ser é o massacre sem alma, dor. A aparência é a invisibilidade da alma. Quase senti a alma, visível, próxima a mim, mas era apenas um abraço, eram apenas minhas lembranças, tentando se perderem. Foi assim que me encontrei, como se a alma estivesse em mim. Pode ser apenas uma sensação vazia, mas me trouxe alegria eterna, como se eu pudesse cantar a vida num silêncio mórbido, de palavras. Apenas eu compreendo que sou feliz, por isso não posso sorrir.