A vida está perto de acabar, na eternidade do sol. Perder o não é perder a vida. Não há negatividade na negatividade da vida. A alma afirma o negativo por viver. Vou recolher a morte da vida, num adeus eterno, onde é impossível modificar o conhecível, que cessa meus olhos na vida, como um presente da morte. Pelo ver desconheço a vida. Nada é perdoado no perdão. Os outros são a distância de mim. Tudo que me resta é a positividade do nada. Tudo foi escolhido pela vida, até a morte foi escolhida pela vida. Tudo se passou não sendo, por isso intimamente existe, como se fosse o resto, incompletude do sentir, que fez da vida eternidade. A eternidade se perde em ser feliz, como a vida que foi esquecida na minha alegria. A vida abençoou minha morte, como se eu escutasse o meu amor, vivendo uma liberdade inexistente, que a morte não cessa a liberdade. Ela sempre sonhou comigo. Liberdade apenas na falta de esperança, onde abraços libertam a morte, de seu aprisionar, mas apenas esse aprisionar é livre na alma, como o céu a desaparecer dentro de mim, para eu não ter nada, não ter nem onde morrer, assim o silêncio cessa a morte, somente o silêncio conquistará a vida sem mim. Não consigo parar de falar de amor, por isso morri, obstinada, sem amor. O tempo deixará minha morte intacta, vazia como uma liberdade longe do tempo. Me deixei ser quem sou, onde não necessitava ser, nem por isso morri, sem a tua esperança fechando meus olhos. Morri, livre, como o respirar que me separa da realidade. O ar é amor, é eternidade. Não quero perder o ar para a realidade, para a minha liberdade interior.