Para quem não conhece a vida que fica, não pode ficar na vida que passou. A verdade do ser é a alma. Pelo infinito se vê a nudez da alma. Não sei o que acontece por dentro da alma. Talvez, nada aconteça dentro da alma, pela alma. Ficar para pertencer ao nada, no ficar eterno, sem ilusões. Pela ilusão a vida cessa, como se me esperasse para o seu fim. A impotência de amar sem a vulnerabilidade do amor é o amor reagindo a si mesmo. A falta de reação em reagir é o amor. Na inexistência de nós, o eu vive por nós, sem o eu ser eu ou você. Mas, o eu existe como cópia do ser. Perdi muito de mim sendo eu. A vida morre sem ninguém existir por ela. Transformar o tempo em vida, renascer a morte. O tempo deixa a morte como um resto de luz. A morte na beira do sonho, o pingo de voz da consciência do amor, deixa o meu sono tranquilo. A vida não é consciência de ser: basta amar, para esquecer de mim. O eu se divide em nós, quando amanheço. Mas não me tornei um amanhecer. O amanhecer me mantém sem alma, em mim, como se eu estivesse bem no fundo da morte, me descobrindo, cavando a morte mais fundo em mim, até não mais sufocar, nem precisar respirar para morrer. Foi assim, que terminei o tornar o tempo em vida, para morrer em paz.
Transformar o tempo em vida |