A realidade perde o pensamento, nunca o teve! A realidade é a alma, onde o precipício, sem fim, não tem mais medo da minha morte, do meu ser. No precipício, há o pensamento alheio, um dia ele pode ser meu, sem estar alheio a mim! A ausência do teu pensamento repercute no meu! A ausência do pensar é a minha realidade! Não suportaria dividir o meu amor com o pensamento! Me dói ser feliz, como se não houvesse nenhuma alegria em mim, mas há essa alegria, que o pensamento me dá! É pior que não ter alegria, uma alegria que precisa do pensamento pra ser feliz! Percebo a vida como outra vida, onde nada de ruim pode acontecer à alma, por ela estar dentro de mim! Se dentro de mim é apenas alma, não posso sentir pelo interior de mim, sinto apenas a alma, que não é o meu sentir, o meu amor! Tudo que eu puder tirar da alma não servirá para mim! Mas, a alma serve para eu perceber o quanto estou só: de pessoas, de alma, de amor, de mim mesma! Nada na alma pode ser meu, nem mesmo a sua presença! Minha alma não é sua presença, mas torna sua solidão minha. Alma na alma… Não há escuridão, tudo é visível, acessível ao meu amor, que cabe dentro da alma! Tudo na alma é a minha presença! Suspiro alma, para saber que existo! Tenho mais alma que consciência! Sinto mais a solidão do que penso que me deixaram só! Mas não causei a minha clausura emocional, apenas a alma não me deixa só. Não há solidão na alma, há solidão apenas no meu ser! A alma vive apenas nela mesma, não se sente só! Mas, ela não me sente em sua presença, seu amor! Coitada da minha alma, tão lembrada por mim! A solidão somente é boa se for absoluta, não deixar vestígios da vida, nem de mim. Minhas vivências são solitárias, pois são amor. Do amor, não restaram esperança, expectativas de amar?! O que faço com todo esse amor, e esse mundo, que me convida a viver, mesmo não existindo amor em mim!? O precipício é sem fim, pelo amor que há em mim. Sem precipício não há amor! O adeus é sem alma, sem solidão! A liberdade não me torna livre, pois ser livre não é seguro. Eu dependo do sentir para viver! Minha alma talvez me ame à sua maneira! Vou repelir todo ódio, todo amor, ficar sem alma! Mas como tirar a alma de mim, se ela não está em mim?! Comparar a vida com o ser é o mesmo que comparar a morte com a vida! O meu amor, nem a vida alcança! Talvez possa fazer algo pela vida escrevendo, onde a eternidade do meu sentimento fica apenas na folha de um caderno! A morte me vê onde não mais me vejo. A morte é meu primeiro e último olhar, que deixa o nada pleno, mas o nada vê mais do que eu: vê a vida! O amor não existe agora, passado, futuro, o amor não é o tempo que temos para viver. Amar é não esquecer o outro, como ele é. Ser como é capturar o tempo dentro de mim. Não há vida para ser esquecida, mas há um esquecimento, que se deve viver como vida. A vida do esquecimento não é a vida que se esquece. Não esqueço a vida, esqueço a mim, sem nenhum precipício para eu amar a vida mais do que a mim! O precipício sem fim é um desejo, uma vontade de me igualar à morte, de ser mais do que a morte! O destino é o precipício dentro de mim! O sol não ilumina toda a vida, mas me fixo na metade oculta da vida. Me sinto oculta. O que vivi sem a vida é raro, insubstituível. Vivi o necessário da vida, que é sua finitude! A vida, para Deus, é infinita, como se teus olhos me vissem em meio ao nada, para acreditar que ainda estou viva! O precipício me salvou por salvar a vida! Mas, a vida não queria ser salva. Ela quer apenas que o precipício e o nada saibam o que um dia ela existiu! Mas sua existência nada salvou, conduziu tudo à morte, à dor! Ninguém lutou pela vida. Preferi fugir da alma, onde iria morrer, mas também iria viver! Não sei onde minha alma se esconde, se ela cansou de fugir, se vai voltar. Vou esperar sempre por ela, sempre nela, o meu ser vivente de amor! Não morrerei sem alma, sem saber o que é a vida! Nada importa, procuro abençoar minha dor, sem amarguras. Eu fui mais longe do que eu mesma, me tornei alma para uma alma inexistente! Nunca a conhecerei, a chamo de Liz! Esta alma nova é apenas um consolo, chamo-a apenas de alma, onde só preciso que ela exista, como se fosse minha alma! Ela é mais do que minha alma, ela sou eu!