Pensar é deixar de ser, onde a ausência abandonada consegue ser a minha vida. Nada dizer do pensamento, não o sinto, o guardo para a ausência abandonada pelo teu sorrir. Interagindo com o nada, não há abismo de mim. O abismo é a semente da vida, que faz brotar o chão. Um abismo sem buracos, sem faltas, onde apenas preciso sorrir pela alegria do abismo de mim, chegar ao fundo do abismo não é resgatar o chão, é levitar no nada, sem o nada. A presença do nada pode ser simbólica, mesmo sendo real. A presença da ausência é a falta dela. A alma, sem pressa de vir a mim, pois já veio de algum lugar, no inencontrável de mim. Sem a alma, parecem me conhecer, mas conhecem apenas a expectativa de ter alma. A ausência é abandonada, sem sua ausência: o tempo me faz esquecer a vida na ausência. É a ausência que faz viver. A existência da ausência, como o naufragar de um sonho, não afunda a realidade em mim. Procurei nos sonhos minha inexistência, mas a inexistência é o próprio sonho. Te deixar, sonho, não é uma ausência. A ausência abandonada é uma realidade que foi vencida.
Ausência abandonada |