O prazer de morrer emocionalmente me faz não desejar a morte. Até que nada mais me dá prazer. Meu ser aprisionado ao que não existe, por isso é livre, como o respirar da ausência, que me asfixia. Há tanto para ser sem a vida. Tudo é diferente da vida, por isso não me diferencio da vida. Sou movida pelas aflições, como se elas fossem amor. A vida é anterior ao ser; no ser há apenas o nada. A devoção da alma são gestos, atitudes, que escondem a lembrança do infinito, que não me servem se vou morrer. Morrer num desmaio de vida. As palavras não me impedem de morrer. Morrer sonhando é dizer adeus para sempre. Despedir-me das coisas inexistentes é acreditar na vida pelas coisas inexistentes. A inexistência não é a inexistência das coisas; a vida é a inexistência das coisas, do ser, nem a poesia pode mudar isso. Permita-me dar minha vida, seria como se não lhe desse nada. A alma é culpada por existir. A alma não devia existir, mas existe, não entre o céu e a terra, mas dentro de si mesma. Amo sem alma, como um pássaro a voar. O que em mim se diferencia da vida é o meu amor.
O que em mim se diferencia da vida? |