Amor é aceitar te perder, para não amar aos pedaços. Nada para ser feliz, tudo para amar. Morri aos poucos, como se renascesse da morte. Renascer, perder os pedaços de amor, com o teu sorrir. Nem mesmo teu sorrir te faz amar. Ver-te é me esquecer. Tu me lembras o nada que sou, o pouco que não consigo ser para ti. A minha alma é a falta de ti. Nada morreu, ficou apenas o vazio. Sem a realidade, não sou uma coisa, sou um ser. Abandonar minha superação é superar o nada, a vida. Deixa a vida penetrar no vazio de mim, para jamais viver. As impossibilidades me fazem viver. Se eu agir como se não tivesse morrido é dar outro significado à vida. A realidade não se constrói na realidade. A realidade é uma falta de ser para todos. Como posso faltar à realidade, se ela é que me falta? Nada faltará, se tudo me faltar. Escrever é uma falta que convive só em mim. As palavras, que são a alma, não querem ficar dentro de mim. Não me importo de morrer aos pedaços, importo-me de ficar sem palavras. O vazio vai me apertando, quero morrer, o vazio não deixa. Mesmo se eu morrer, minha última palavra vai ser vida. Aprendi a falar pelo sofrer incomunicável de mim. Talvez, para mim, basta que eu seja incompreendida, assim posso sonhar sem morrer. As palavras dão um sentido à vida, ao silêncio que não existe em mim. Se a vida fosse apenas palavras, eu estaria viva como o nascer do sol. Não preciso aceitar te perder, tenho-te nas minhas palavras.