Não posso realizar o que apenas a vida pode realizar, por mim ou pelo nada. A vida nunca aparece, é uma náusea fantasma, que ninguém acredita que eu sinto, mas sinto a vida, como quem ama. Mas nada me fará viver, por mais que eu ame a vida. A perfeição do nada me fez viver a vida com admiração e veneração pela vida. Não há certeza de eu ter sensibilidade, mas ela me faz viver na incerteza, onde sei que não preciso de certeza. A única certeza é todos, tudo que fiz amar. A perfeição do nada é a essência de ser em existir. Mas nem o nada tem o nada do meu corpo, da minha alma. A alma avisa até onde posso ir em ser no nada sem a alma. O nada na alma me faz sentir falta do meu corpo na alma. Nada tem a perfeição do nada, nem mesmo a morte sem alma. Recuperar o corpo, mesmo sem alma, é ter a perfeição do nada como poesia na alma. Essa é a única poesia que eu nunca vou conseguir fazer nascer de mim. Tudo são apenas tentativas, onde sonho escrever, mas, na realidade, estou vazia, como se não existisse a perfeição do nada. Estou só, e a perfeição do nada despreza minha dor. Se o nada me amasse, seria feliz. O tempo é imperfeito, não tem a perfeição do nada. Esse cansaço de alma em mim não é morrer. A tristeza não é uma falta, é ter a mim mesma. O amanhecer não é triste, mas anoitece. O passado do amanhecer é o sol pelo sol. Desafiar o amanhecer é desafiar a morte.
A perfeição do nada |