A presença é a definição de ser. O ser da presença não é o ser que existe. A presença é o fim de si mesma. Não há lugar no mundo para a presença. O fim é a presença, é a minha maneira de olhar o céu. O ser trincado é o seu céu. A Natureza regride como um ser, para o ser não ver a sua morte. Apenas a consciência não é morte, mas o ser é morte. A consciência nunca morre, a consciência do ser é consciência da vida, que parte como quem chega. Eu acredito na morte, na vida, mas não que sou o ser da morte, o ser da vida. Da distância eterna, não consegui nascer. Eu queria ao menos nascer, como um rio que se separa do mar. É decisivo nascer no desmaiar das ondas do mar. O que não se define acaba perdido no infinito, como o mar. Tudo me assusta sem o mar. O mar sopra a ventania das aflições para longe, num sussurro do nada. O silêncio do mar se parece com o sussurro do nada, acalentando o vazio de existir. Sem o ser, a presença é o mar. O oceano sem o mar, saudade do nada que nunca senti. A turbulência do meu amor esmaga o mar. Eu vivi o inesperado do mar: sua ausência, que perdoa a presença do mar, de não ser ausente como o mar. O sol faz o mar viver, na presença do ser, sem nenhum ser. Apenas o fim se define, distante do mar, perto de Deus.
O ser da presença |