Tristeza, me console de mim, faça-me desabafar, pois sonhar é morrer. Onde está a morte, que esperei sem alma? Está na tua solidão? Eu não sou encontrada, sou alma: posso morrer em respirar.
Desabafo |
DesabafoTristeza, me console de mim, faça-me desabafar, pois sonhar é morrer. Onde está a morte, que esperei sem alma? Está na tua solidão? Eu não sou encontrada, sou alma: posso morrer em respirar. |
Corpo de almaO tempo é uma sensação vazia, como um corpo de alma. Um corpo de alma define a solidão sem alma. A alma é indefinível e questionável no corpo. Um corpo de alma é o sempre em mim. Livre para morrer em um corpo de alma, abre os caminhos, os faz chegar a mim. Deus é uma subjetividade na completude da vida. A subjetividade é uma alma inencontrável na alma. |
Ternura do desapontamentoA voz desaparece na alma, como lembrança de mim. Voz é o esquecer eterno de mim. Nada é eterno na eternidade, mesmo assim, ela é eterna. A eternidade é separação. O olhar do fim é a união da palavra com a eternidade. Sonhar é eternidade no eterno. Você vive apenas nos meus sonhos, meus sonhos: queriam despedaçar em ti. Querer são sonhos que sofrem. Em vez de olhar. |
O despertar ausenteDesaparece com meu amor, para eu não o ver mais, para eu despertar ausente. A morte é suave: é o amor deslizando em mim, e eu nele. Os abraços que não dei são a vida. Afogando, respiro, desobstruindo a alma. Um anjo deformado, destruído de sol, é meu único abraço. Anjo da morte, você ainda pode viver: mesmo sem mim. Vida como se estivesse a me abraçar. A poesia é tão triste, que não soluça, a ausência soluça por ela: assim, a poesia se torna absoluta. O sofrer é a ausência do nada. O branco, se colorindo de lucidez, é o nada. Durmo na inconsciência do meu ser para despertar. O reflexo do amor é a alma no espelho. O sofrer do sofrer é a autonomia do ser. Ver pelo nada é tudo ver: é me ver com olhos de amor. Ver pelo nada é ver apenas a mim. Misturar-me com o nada é de um amor tão puro. É impossível ser mais feliz do que já sou. Misturando-me com o nada, vi a vida como nada, sendo maravilhosa. Estou doente de vida. Da vida. O amor é falta de ser. |
Lutar contra o pensarO início do nada é a vida. O nada é a realidade. O céu alcança o nada. Há um instante que absorve o meu eu e o cessa em mim: o do pensamento. Apenas o pensamento conhece a alma sem amor. Eu conheço a alma no amor que sinto. Pensar pela essência é pensar o nada. O fim da essência é a vida. |
O que é a vida?Não há o que fazer com a morte: nem inexistência é. Inexistência é quando tento amar, ser, diante da vida, não diante de mim. A inexistência é a única coisa que escuto: não me deixa só. A inexistência é o sol que surge do nada e torna tudo feliz. A alegria é vazia, perdida em si mesma. Apenas a inexistência preenche a alegria: torna as coisas inexistentes, ser a vida que necessito. A inexistência é impossível sentir, por isso a vivo: pelo mundo, pelas pessoas, vivê-la até pela vida. A vida se foi: foi mais inexistente do que a inexistência. A vida é a inexistência de cada um. Tudo é individual na vida: menos sua inexistência: ela é igual a minha. Mesmo assim, não sei o que é a vida: às vezes penso que ela não existe, nem mesmo pela inexistência ela existe. Existir sem a vida é um pedaço do céu em mim. As mãos, inexistência do corpo, são mais do que corpo: são alma. Vi a inexistência se fundir na minha alma: apenas assim senti que não morri: sou vida do sol, do tempo, do amor. Não consegui ser minha vida: queria partir com o amanhecer, sonhando com a vida: sendo mais do que devo ser. |
A morte não causa dorA morte não causa dor: é ter alma. A morte de um adeus é para sempre morte. O adeus não nasce morto, ele me dá vida. Meu comprometimento com a morte faz surgir eternidade. O medo é falta de escuridão na alma. Tudo é esquecido, menos o esquecimento. A morte é morta na lembrança da morte. O espírito renasce antes que eu morra, é o amor da alma a me homenagear. Não renasci com o espírito, mas sei que ele lembra de mim, como se eu estivesse viva. Para o meu espírito, sou mais eterna que ele. O amor nos uniu, nada nos separa. |
Meu olhar no céuMeu olhar é no céu: para ter a vida que eu sonho. Meu olhar é a minha única realidade: não é real, como te ver, adorada saudade. Você é minha luz: me faz olhar para mim. O em mim é apenas saudade. A falta do meu corpo é morrer sem saudade, falta ou perdas. Meu olhar no céu recupera o meu corpo, minha alma. Mas não recupera a mim. A falta de mim pode ser sua presença. O silêncio isola o olhar da vida, mas nunca do pensamento. A presença sem vida é o olhar da vida. A negação é o exterior ao ser, que o torna individual ao ser. O ser é a sua negação. O tempo não é livre. Sou livre, pois existo. Fala um pouco, eternidade, do que não sou. Escrever me faz viver. A eternidade é a disputa pela alma. A eternidade é a ausência. A separação do corpo na perda da alma é eternidade. A volta da alma cessa a eternidade. A alma, fadiga do ser. Meu olhar está na alma: me deixa triste. As respostas não existem na vida, mas em mim, por isso é a vida. Vida é o sol que amanhece. Dar um fim ao infinito é criar o sonho. A morte é a incomunicabilidade da alma. |
CessarA delícia de morrer cessa em um adeus. Desprendi-me de morrer sem morrer. Dormi nas palavras que faltam em minha vida. Acordo em palavras que são intraduzíveis: são almas. Aconchego-me nas palavras para não sentir falta de mim, da vida. Não sei o que acontece fora das palavras. Tenho o vício de morrer. Morrer são apenas palavras. Palavras são o som do nada. Vou morrer pelo nada. O nada é a distância de morrer que me faz morrer. |
Como um não eu se torna eu?Interagindo com a morte, volto a amar. Será morte amor? Sonhos desfeitos nunca serão a morte. Morrer é um agradecimento que vem do céu, da gratidão de existir: puro ser. A despedida do ser no não ser em mim é o meu ser! A essência é o esquecimento do meu ser em nós. Apenas pela essência algo pode ser esquecido. Morrer é natural: é a perda da essência, que devolve o meu sofrer à vida. |