A mansidão da morte traz poesia para a vida. Não é comum a morte agir assim. A mansidão esconde o ar da morte para que eu o respire impune de respirar. Respiro para a alma viver do meu respirar, ser condenada a mim.
A mansidão |
A mansidãoA mansidão da morte traz poesia para a vida. Não é comum a morte agir assim. A mansidão esconde o ar da morte para que eu o respire impune de respirar. Respiro para a alma viver do meu respirar, ser condenada a mim. |
Sou náusea de mimTenho que tirar o nada da minha consciência ou o nada absorve meu ser até matá-lo. |
Declínio deixa saudadeO silêncio envolve o nada, cura o nada. O saber é o nada. Nada lembra do declínio a deixar saudade. A morte cessa o tempo. O fim do tempo é o fim do nada. Chegar até o coração de alguém é sorrir para o nada, é ser tudo. Nada pode deixar de sorrir. Sorrir é ter alma. Alma é apenas sorrir em céu aberto. A dignidade de terminar com a vida, onde ela nem começou ainda. Não há nada entre o céu e a alma no meu sentir. |
A importância da inessência para a vidaEu não acredito ser a essência uma verdade. A verdade é a morte, onde não há espaço, lugar para o ódio dentro de mim. Uni meus pedaços na morte. Não tente impedir que essa união seja poesia. Afetos não desistem de mim, de morrer. Enfim, não estou só. O nada é determinação da vida. O ser puro é apenas tentar ser o que sou, é deixar o nada em seu lugar. A morte é o retrato do nada. Nada no retrato se parece com amor. O amor ilumina o nada, que aparece em escuridão profunda, onde a névoa do sentir não existe. Existe a clareza, transparência, de amar, aceitando o nada, como benefício do amor. A tristeza é feliz. Escuridão é a razão de viver. A escuridão quer que eu viva sem ela. Não consigo. Meu ser é sem existência que fala tem a vida? A vida nada diz. Na morte não há ser, nós, há apenas vivências. Vivência, isso é morrer. A decadência faz parte da doença da alma me contento em escrever estrelas. O mundo não sai de si. A vida surge depois do sol. Não há sol na vida. A satisfação da inexistência do sol é a poesia. |
Ter sido um dia cessa minha solidãoA solidão é eterna. Mas posso conviver com ser só, mas não consigo viver sendo desprezada. Sou só, consigo esconder o silêncio de mim. Tentei fugir de mim, não consegui. A morte foi tão rápida, não aproveitei, não pude lhe sorrir, amar como gostaria, não sei o que quero. Sei, preciso querer algo que não seja o vazio. Seguir em frente. Meu amor, mesmo vazio, sofre. O não ser é vida eterna sem a solidão do meu ser, que necessita da vida como quem precisa de um pouco de luz. É uma pena essa necessidade não ser luz. Nem a luz necessita ser luz. Devolva-me a vida, se necessitar, estou bem assim, sem vida. O respirar atinge a alma. O mar de esperança se ergueu do sol. O vazio acalmou-se, me permiti sofrer. Quando estou em mim não sou eu, é o não ser em mim. A vida, emoção de um fim, é infinita. O fim se perde sem o ser. O fim, para ser fim, necessita do ser. Ser nunca é pelo ser, é pelo nada. A vida é o degustar da morte. A vida e a morte são o mesmo, com sentimentos diferentes. A penumbra do meu ser nunca será escuridão. Escuridão é ver com a alma o invisível. Ver a escuridão é ver minha alma me vendo. Tirar o céu do céu é o fundo dessa escuridão. A alma não morre, torna-se sombra do ser que era apenas imagem, apenas delicadeza. Essa imagem conserva o nada na alma, talvez nada se perdeu, voltou ao nada, origem da vida, onde o céu deturpa-me em alegrias. Nada na alegria me faz ver com outros olhos a inexistência de existir. Meu olhar é único, por isso sofre sem mim. Eu quero que o amor se ame. A inexistência sai de dentro de mim na ausência de um abraço. Escrever é o sussurrar do nada, que se apoia em ausências. Viver é tão distante, que o nada se cala em um abraço de vida. Então sinto o que nunca terei: vida. |
O sonho do haverHá solidões que correm em meus dedos e escapam. Sou feliz no intocável de mim. Minha sombra é minha companhia, onde não me vejo. O céu desperta a morte. Se meu amor me escutasse, tudo seria eterno. Como me escutar? Pela escuridão, ausências. O haver sonha com um porém. Nada tem o porém de um sonho. Relaciono-me com almas, não com pessoas. Uso a morte para o bem. Para amar. A morte não é ruim, é só. Está abandonada por Deus, pelas pessoas, quer atenção, amor. Não se pode ignorar que morrer neste mundo não me garante ser feliz. A perda de mim me faz feliz. Não sou perda. Perda sem solidão não é perda. O céu é o haver como sombra. O luto por amor é amar. O não sentido faz sentido para mim. O sentido da vida me despedaça. Estou destroçada de amor. O ser para o ser é uma lágrima sem adeus. O sofrer é a falta de um adeus. O sofrer se dá sem amor. O nada é pior do que morrer. O sonho não se arrebenta sem o ser. O ser é o fim do sonho. Não perco tempo em ser. Ser é a ausência de tudo, é uma negação à vida. Pensei ter visto alguém, era apenas minha consciência isolada do mundo. Consciência é ter a mim mesma. A consciência às vezes atropela o amor. A consciência de não ser é o infinito. O infinito não tem realidade. |
Meu ser emprestado pelo nadaO nada do nada é minha morte, o nada só é o meu ser emprestado pelo nada. Mas não o sinto como ser, mas como um nada no fim do sonho. O fim de um sonho não é a vida, é o nada. O nada da minha alma nada recebe do nada. Santificar o nada como se ele pudesse ser a falta de alguém em mim. A falta é o fim do nada pelo nada. Li o nada com as letras da vida. |
Vida é o mesmo que viver?A realidade da solidão é o vazio. O ser não é só, ele pensa, ama. Deixo o pensamento na saudade de viver. Quem sabe assim eu consiga viver? Não se vive de saudades. A saudade é a certeza da vida. Tudo é vida na saudade. Na saudade não existe morte. A morte tornou-se apenas saudade, revivendo a mim, no que sou para mim. O silêncio de Deus vale mais do que a vida. Atenuar o silêncio de Deus é crueldade para com Deus. Amenizar o silêncio para Deus é Deus a morrer. Toda inspiração é a presença de Deus agindo, amando. Eu amo a vida, por amar Deus. A segurança de morrer é Deus. O realismo de Deus é o ser. O que é monótono é o fim de um adeus. Adeus vai e vem, mesmo partindo, vem para dizer que partiu, como se fosse voltar para o meu adeus. Adeus é o retorno sem fim, sem o fim. Fim não é o começo nem o fim de um adeus: é um recomeço sem começo. Ninguém faz o fim acontecer, ele acontece só. Sozinho para o acontecer e para o não acontecer. Escrevo, não sou eu, sou o que escrevo. A sombra, palavra triste, tem a tristeza da imagem, sem sombra, sem deixar a sombra vir até ela. A vida é o mesmo que viver: se ela for sombra, luz, ser, ao mesmo tempo. |
O que significa o pensamento sendo uma vida perdida por pensar?Pensar é falta de vida. O extremo é pensar. Penso apenas quando nada existe. As pessoas existem pelos seus sonhos, mesmo que nunca terminem de sonhar. Sonho até com as perdas. Mas as perdas não podem ser um pensamento, não podem pensar, não estão vivas, nunca estarão. Não estão vivas dentro de mim, eu estou viva dentro delas. As perdas não pensam em mim, no meu sofrer. Procuro me sentir para não sofrer. O que resta da solidão é o meu amor. O tempo é uma solidão, se renova em nós como solidão plena, feliz, como uma flor a perder as pétalas, murchar, continuar bela. A morte é uma redoma de prazer. A morte é mortal por durar. Descobrir palavras é descobrir vidas, na vastidão do infinito que também é o fim. O fim é a vida que não possuo. Há silêncio que me dá vida, outros me fazem morrer. O silêncio é o que resta do pensamento. O céu não espera que eu pense, sabe que não sei reagir ao que sinto. Quem não sente, pensa. Como se pode pensar sentindo o que penso? O que sinto não está no pensar, está na alma. O ser e o não ser são a mesma vida, o mesmo amor. Nada falta ao não ser, tudo falta ao ser, é melhor não ser. O ser para o não ser existe, assim como existe o sol, a vida, o amor. A falta de um instante, de não ser, pode cessar a vida. Acostumei-me a morrer. É extraordinário sentir meu corpo na morte, não na alma. O amor é a certeza de morrer, de ter vivido esse amor, que não se separa com a morte, nem cessa por morrer. A morte ilumina o sol. A vida não consegue se isolar da vida por causa do nada, que lhe impulsiona a viver. Viver precisa do nada, é sua essência. Essência é amor! Amor dá vida a todas as vidas adormecidas, sem amor. A vida não é plenitude, é falta, apenas o amor cessa a falta, a vida, esse nós que nunca existirá. Nós nunca será existir, ser, por isso amo a falta de nós. Alegria é ser só. Ninguém compartilha o que é, se compartilha a vida, o céu, as estrelas. Então me preocupo comigo: me divido até com a minha alma, com a morte, com o nada, menos comigo. Escrever é a absoluta separação entre mim e eu, para que eu ame o amor absoluto em mim. Ser amada é mais absoluto que o próprio amor. Ser amada e amor se unem em simbologia eterna. Amor é um símbolo que uso para não me sentir só. O amanhecer é resultado do amor. Amor é conclusão de ser. Para ser não é preciso visão ou reconhecimento, é preciso amor. Amor é liberdade. A existência do ser vai além de existir, é o não existir. |
Unificação do ser e do nadaA ausência dos sonhos é um existir em estrelas. Estou dentro da minha alma. O nada me fortalece. Sem palavras não há perda na unificação do ser com o nada. Refazer-me nas amarras do nada. Perdas significam tudo para mim, para que o nada nada signifique. O significar é uma esperança. Não há esperança na solidão. Solidão é dividir o nada com o mundo. Que mundo é esse que não adere ao nada? Que nada me veria na minha solidão? Não supus que exista sol para as estrelas, mas há um sol de sonhos. |