A alegria que me deu tornou-se alma. Ainda não sei como é ter alma. A alma me ensina. Tomara que eu aprenda. Basta tua alma para eu ser feliz.
Somos duas eternidades a se tocar |
Somos duas eternidades a se tocarA alegria que me deu tornou-se alma. Ainda não sei como é ter alma. A alma me ensina. Tomara que eu aprenda. Basta tua alma para eu ser feliz. |
O sono da ausênciaO sono da ausência é o meu despertar. A lembrança é o que restou do tempo emocional. Tento dar um significado a minha ausência: o amor. A lembrança não cessa a ausência: a intensifica. O mundo percebido é a percepção da morte. A percepção da morte é a alma, é o mundo, é o ser. O sonho de morrer é imperceptível na percepção. Não percebo o sonho, assim como não percebo as estrelas no céu. Estrelas são o universo da alma. |
DevaneiosSonho tanto, é o mesmo que nada sonhar. Tenho devaneios de não sonhar. Morrer é devaneio de ver. |
Chão de estrelasMeu amor é um chão de estrelas, que se torna o universo. O sonho é alma do próprio sonho. As estrelas nada podem com meus sonhos. |
Não me sinto viverNão me sinto viver, me sinto feliz. Essa alegria não depende da vida. Ver para não ver. Sentir para não sentir, viver para não viver. O instante perdido no vazio é a vida. O instante de todos os instantes é a poesia sem a vida. O beijo do instante é o cessar de mim. Nada na alma é esse instante, assim nasce este momento de um abraço eterno do meu corpo com minha alma. A união desse abraço fez nascer minha eternidade. Minha eternidade está dentro de mim. Não posso perdê-la. Sou alma da minha alma, é mais que transcender, é amor. |
O nada do nadaNada é visível no amor, lhe dou minha visibilidade. A vida é apenas o começo de mim. A alma é um utensílio. Melhorei de sofrer na alma. Não dá para situar a visão no pensamento. O nada inesquecível é esquecido no meu abraço. Ao abraçar o nada, é o nada que se lembra de mim. Sinto o nada no meu esquecimento como um novo sol, uma nova vida. O nada reanima a alma. Ela se sente viver no nada. O silêncio não é o nada. O silêncio é vida, é ser. Não sei o que fazer na presença do silêncio. Renuncio ao silêncio no silêncio. Deixo as palavras, não vou acordar desse silêncio. A ponderação do silêncio são palavras. Não estou em mim, estou no silêncio. A aparência é o silêncio. Silêncio mata: é tudo ou nada. O silêncio é o não sofrer: é a determinação de viver. Não há voz na consciência. O tempo é a consciência e o fim do nada. Pelo nada, viveria tudo outra vez. A fé da vida é a morte. O bem e a alegria são o vazio de morrer só. Sem bondade a pessoa não morre, implora para morrer na escuridão da alma. A alma é pouco para morrer. A morte é a metáfora da vida. No nada do nada não há liberdade, tudo é puro ar: por isso, sou feliz no nada. Não há nada sem alma. O ser desaparece, as cinzas e as estrelas nunca desaparecem. Meus olhos deliram de alma. O silêncio é a lucidez. Meus olhos falam e se contraem em vida. Minha ausência não me faz viver. Aperto a morte no vazio de mim para deixar o sofrer em paz, como um pedaço da lua na alma. O dia é a lua a se transformar na saudade de amar. A eternidade não ama. Deus ama. Me defendo do tempo com a morte. A morte me faz ser, mas meu ser não é morte, por isso, tenho saudades de morrer. Quem se sente não precisa morrer. |
O que eu tiver do ser em mimA espera é vida inalcançável doendo na alma, a vida cessa depressa, sem espera. |
Lembranças morrem em mimO que perdi ou não perdi estão unidos no mesmo fim, em que não existo. A dificuldade do ser, de ter alma, é a vida. |
Lembranças (para pai)Queria que minhas lembranças pensassem em mim, não me deixassem morrer. A poesia está viva em mim, comigo morta. Morta, vou criar ainda mais. Precipício, emoção que torna o amanhecer eterno até o sublime ter alma. O silêncio me faz não sentir na fala o silêncio, é por onde nasce a visão, no meu respirar. Respiro no que posso ver, tocar, é como viver no olhar, no que vejo, que se perderá apenas no que ficou comigo: olhar. Parti, mas o olhar ficou como o que nunca consegui ser: a essência que se faz olhar, como algo nunca visto antes: o meu amor por ti. Não morri, estou amando. |
Captar o nadaCaptando o nada, roubo meu ser de mim mesma. Sugando a alma vazia, não estou a sugar o vazio, por isso, estou me sugando no que sou. Tirei o absorver de mim, me entrego ao vazio. Nunca estive na alma, nem quero estar. Quero apenas sorrir para o nada. Ser tudo para o nada. Não vou enterrar minha voz sem o nada. Sem voz, sem alma. Se a alma fosse o nada, a vida seria segura para viver. Invento-me no existir. Não existir é consciência de solidão. É ser livre como o esquecer. Tudo tem fim: menos a consciência, que é o fim do ser. Escrever é o silêncio que não se escuta. A visão da morte é uma visão apenas minha, ao morrer, esta visão se torna minha morte. Eu não preciso ver para saber que ver é real. Não me conformo por ver. Captar o nada é deixar de ver. Por isso, ver é o nada. É o nada que idealizo. O outro nada é a morte. E se a morte for o único nada? De que vive o nada? O ser imaginário ama mais do que eu. Me recuso a ser minha imaginação. Entro dentro da imaginação de Deus, meu tempo é o tempo de Deus. E o tempo de Deus é o amor que sinto. É a permanência do meu ser na alma. Sem alma não vivo. Para amar o ato de escrever, tenho que abandonar a solidão, meu desespero de viver. Fico apenas na poesia. Ela cuida de mim mesmo comigo morta. Não preciso de poesia, a vida nunca será poesia. Não sei como nasce a poesia, por isso é eterna a poesia, e sem identidade. O céu é a acessibilidade da poesia. Será a ausência de Deus o ser que falta em mim? Como a vida perdeu Deus para mim? Pelo meu infinito amor a Deus. O momento não é só, eu torno o momento só com a minha esperança. Se o momento fosse apenas um momento, tudo dependeria da alma, tudo seria eternidade. Não acredito em eternidade, mas acredito na existência da eternidade como sendo a falta de sol, de vida. A vida é um momento meu. Eternidade é o sol no universo na falta do sol. Lágrimas de sol fazem o sol ser a existência de Deus. A sombra do sol é quando a existência de Deus é pouco para Deus, para seu sono eterno. |