Uma vida tão longa, que é o fim. Vejo a alma pelo seu fim. O fim da alma é o meu fim. Não escorrego na alma do nada, mas eu vivenciava o nada sem alma, como sendo minha vida, não tenho mais vida: sou apenas a união da minha alma, com a alma do nada, apenas assim, me senti viva. A alma do nada não pode ser o meu silêncio em palavras. Palavras que eu desconhecia, isenta do nada. Amizade, afasta o nada e a alma para não me ver chorar por mim. Sou amiga de mim. Nada me atrai no olhar, por isso, converso com meu olhar, sem o nada que nos divide. Somos esse nada que une meu olhar em mim, em ti. Nada é inseparável no amor. Não me leve ao sofrer. Eu sou este sofrer, me afaste de mim. O amor separa a mim de mim mesma. A luz não afasta a escuridão. Eu me afastei da escuridão para morrer. Mas morrer é escuridão para morrer. Mas morrer é escuridão, clareia a alma. Alma é uma forma de não me esquecer. A vida é sentir falta de mim. Sem a vida não sinto falta de mim. Superei o vazio, não superei o nada, ou será vazio e nada a mesma coisa? O que falta em mim existe no nada? Que nada eu seria em mim? Renascer é fazer do meu corpo a minha morte, sem a proteção da alma. Lembranças são excluídas da vida. Uma vida, sem lembranças, é a alma. Desligar-me da alma por reles lembrar é me matar por dentro de mim, onde um abraço vai piorar a minha morte: minha solidão nesse momento nada preciso sentir, preciso me abandonar.
Aconchego no sofrer |