Esqueço a dor com a dor. O silêncio é a dor da alma. A vida não pode esperar pelo silêncio, pela dor que devora o silêncio com a vida. Vida, não pode ser o meu silêncio? Divida o silêncio comigo como divide com o sol, com as árvores, com a eternidade. O infinito morre na minha esperança, com a morte da esperança, nasci na perda da minha esperança, me fez ter fé em mim, como se eu fosse a poesia de um pássaro no céu, mas nunca serei poesia de eternidade. A poesia é o nada do meu amor. Tudo surge em mim por amor, até mesmo o esquecimento é o meu amor pela vida. Amo-a esquecendo-a. A vida enaltece a alma sem lembrar dela. O tempo ama por lembrar. Lembro de mim, ficando num tempo apenas meu. O que é melhor esquecer? O tempo, o ficar, ou sou eu teu esquecer? Quem é você que fez de mim o meu esquecer, que nunca será o teu esquecer? O sol é carente de ver, ele não sabe que é luz. Iluminar não é viver. Vivo o que não foi perdido em mim como perda. Como perdi a mim, se consigo não te sentir? Sentir é o sim da alma. A utilidade de amar é sentir o vento. O vento não escapa do meu amor.