O amor é uma deficiência da alma sem a enervação do nada. Perdi a moral no medo de amar. Que exemplo posso dar com meu medo? Medo não é falta de sentir. Tudo me faltará se eu continuar com medo. A enervação perde as forças, a vida no meu suspirar. É a perda na perda. Tudo é constante na perda. Ela é eterna no que me deixou: eu mesma. Nunca antes algo ou alguém foi eterna para mim, mas a perda é eterna para mim. Não me precipitei ao perder: é perdendo que se conquista a vida, as pessoas, o amor, o respeito por mim. Nada veria por amor. Ver é me esquecer. Não sobrou sombra desse esquecer, que merece o sol, a vida, que já pertenciam ao nada, antes de amá-los e amanhecer em alguém até nos sonhos. Não consigo sonhar com você. Fico a imaginar o que seria dos meus sonhos com você. Não sonhar é apenas metade de mim, a outra metade é sonho, como se o fogo da vida não se apagasse no mar. No mar de recordações. Eu vivi o tempo de sonhar sozinha, sem escrever, sem respirar direito. A respiração é uma fala interior, onde o tempo, eu o escuto em mim, no meu sorrir. Não quero o poema, vou retalhá-lo, se ele não se misturar comigo, se eu não for a essência do poema. A poesia é a delicadeza do poema, são momentos diferentes, que querem amar as palavras, a poesia e o poema, não conseguem amar as palavras. Perdi as forças numa enervação de morte. Não sinto as palavras fazerem parte do poema de mim. Por isso, me entrego a um vazio infinito. Não deixo de amar. Amo no meu esvaziar, o poema cresce dentro de mim, numa imaginação fértil. Ganha vida o poema. Eu já posso viver agora?