A falta de habilidade para não amar é a sinceridade. O abraço é a falta de vida, a aparecer no amor, nos braços perdidos sem amor. Estou perto do meu corpo, em perder meus braços: em não me perder.
A vida é quase tudo |
A vida é quase tudoA falta de habilidade para não amar é a sinceridade. O abraço é a falta de vida, a aparecer no amor, nos braços perdidos sem amor. Estou perto do meu corpo, em perder meus braços: em não me perder. |
O céu da vidaDa morte nasce o meu viver por ti. Procuro a morte no céu da vida. Resguardar-me no céu da vida, do ser, do nada. A espera de um adeus é o amor do céu da vida. O que será do céu na vida? A verdade é a inexistência no céu da vida, como um ser! |
Sou demais para mimFortaleço-me no que me fragiliza: o amor. A realidade é a morte do amor. O amor vive sem amor: como um sonho eterno de vida. A morte não é um sonho: é o ser do ser. Não é poesia, não são palavras, é o adeus da alma a crescer dentro de mim. Não cresci em mim: apenas amo. Amo como se amar, crescer, fossem o mesmo. A realidade da morte não é demais para mim. Eu sou demais para mim, em vida ou em morte. Escrever une a vida e a morte em um único adeus. Foi assim que eu nasci. Foi assim que disse adeus. |
Um pouco de vida me faz felizMeu ser é ser apenas em si. Em si, a inexistência é real como o infinito de um abismo. A única presença é ausência para o céu, para os sonhos. O começo não é o cessar do fim. A vida me impede de viver. O amor é falta de conhecer a mim. Encontrei-me em um desamor profundo, intenso: é como me ter em sonhos perdidos. O segredo da morte é a vida dentro de si. Não há vida sem a morte. Morrer é a vida se realizando, fazendo o céu existir sem vida, na vida da vida. O amor é triste por ser amor: sonhar é vida: sonhar é vida, que o amor não tem. |
Colocar o nada em mim sem vidaO desaparecer é uma presença, fica dentro da alma, se torna o meu interior. Eu não quero ser o meu interior, quero ser o meu desaparecer, num sonhar eterno. Não adianta querer ser minha presença, quero apenas colocar o nada em mim sem vida, não sendo presença, mas sendo feliz: esquecer é a minha presença, ao menos pelo esquecimento, não foi abandonada. Ter vínculo com o nada é saúde mental, espiritual. O estagnar da alma é vida. A luz dá vida ao sol. O sol da lua é a aparência do nada. O amor é um sol dentro do sol. A vida é o cantar do sol. O meu ser está sem pensamento: está como alma: no vazio eternizado sem solidão, no amor de ser só, como um amor puro, como a solidão do mar. Não há mar para o mar. O soluço da paz salva a vida da vida. A essência vem para mim, o amor nunca vem: ele fica em mim. A essência vem para mim, o amor nunca vem: ele fica em mim. A essência é a falta de amor. Todos temos um pouco de falta de amor, para sentir a essência, sonhando sem o amor. Nada no amor é real em essência. O amor vai ao infinito pelo ser para não ser o infinito do ser. O ser não tem alma de ser: tem alma de infinito. O infinito é mais do que o céu: é tudo que eu conseguir ser. Assim, colocar o nada em mim em vida, me deixará sem vida, me fará voar. |
Feito solO abismo transcende em mim feito sol. A tristeza é feita de sol. Quando o vazio se afirma, a eternidade ama. Afundar no amor raso é a eternidade do meu ser. Raso, fundo, não se vive o amor imemoriável de alma. Mas o desamor é capaz de amar no mar a secar, no sofrer do amor. Nada esvazia um amor solitário. A solidão preenche a alma, deixa o ser morrer. Nada sinto na perda do meu ser, pois a perda do outro está em mim: sem sol, pura vida, amor. A vida é dada sem amor, por isso amanhece em mim, sem desespero apenas só: isso é viver feito sol, brisa, que não perde o amor, a essência, nem por instantes. Apenas não quero ser mais só do que já sou: mesmo se eu não puder ser sol, ilumino. |
Em mimO significar é uma vida: existe apenas na alma. Em mim o significar não precisa de significado, e sim de amor. O tempo, o vento carrega. E traz a consciência sem tempo, como se fosse a única vida, o único amor. |
Amor corporalA morte é destruída pela minha corporalidade sem vida. Floresce o dia como mãos que somem o corpo, sombra da morte, não se pode perder: é a minha intimidade, sem mãos. Procuro minhas mãos, na poesia. |
No lugar do todoMeu ser ficou no lugar do todo, sofre pelo fim da consciência de mim, como se nunca tivesse existido o todo. O todo de cada um nunca será nada. Meu corpo, numa alma, estranha a ele, transcende para se dividir em alma. |
O nada puroO amor não é amor: é o que morre, antes do fim. O amor é o perdido, solto nas asas da imaginação: somente assim o perdido conhece a vida pelas suas perdas, que não me condena a eternidade da perda: me deu a eternidade do sol. O sol no nada puro da vida é desolação. Desolação pela alma: permanece alma mesmo sem desolação. O sorrir da alma me desvanece em ser. A vida é o tumulto da alma: habita em nós, conciliando o antes e o depois sem vida. O nada puro é uma oportunidade de viver sem a vida: assim me reconheço: onde transcender e apenas eu. |