Matar a vida em mim, para não morrer, me dilacera. O meu corpo, na morte, onde não sinto dor, mas sei o seu fim: eu! Eu vou ficar na dor, a esperar a morte. Eu sou a morte dos meus sonhos: é como estar só, sem estar dentro de mim. Eu sou tua espera constante de ser. Nascer é a liberdade de Deus. Morrer é a inexatidão da morte, em recuperar a luz na luz. A luz é uma obrigação que rasga a vida em escuridão profunda. Amo a inessência da luz, como se, algo pudesse nascer de mim. Vida, fui tua luz. Luz, única certeza de viver. Única certeza de viver exterior à luz. A alma do nascer é a dor que me traz a realidade, me faz ser a realidade da realidade. Apenas a realidade não troca de alma. O ventre é uma realidade vazia, de onde se pode nascer, não se pode morrer. Prefiro esse vazio ao nada de sofrer. A dor acalma a alma na morte. De mim, a luz ficou com o meu silêncio e me fez só, sem o meu silêncio. A poesia existe sem o silêncio esperando o sol das minhas palavras no silenciar eterno de viver.
A magnitude da dor |