Blog da Liz de Sá Cavalcante

Eternidade para a eternidade

Eternidade para a eternidade, onde o silêncio é sorrir. A alma do sorrir é a tristeza. O nada purifica a vida. Tenho o mesmo ar, o mesmo amor dos mortos. A diferença é ser ainda livre para sentir tudo isso. Nada liberta a liberdade do ser, apenas o nada liberta a liberdade do ser, nem a morte pode.

O desamor é vida

A morte é uma maneira de ser, apenas isso é morte. Morrer é um céu depois do céu.

O universo da poesia

Entranhas da alma fazem nascer o universo da poesia. Será isso não poder te dar amor? Eternizar a tristeza para não saber ficar. Ficar não é ser feliz, é ser, apesar de tudo. O universo da poesia é imaginação da poesia. Poesia é viver na imaginação. A alma não tem imaginação. Foi excluída da poesia. Poesias com imaginação são sem amor. Poesia encolhe na imaginação. A vida se vinga do meu amor. A diferença entre o ser e o ser é o nada. Admiro no sonho ele voltar para mim. Morrer sou eu a voltar ao sonho. Para que minha morte? É para sonhar, desaparecer no sonho para morrer. A insônia do pensamento é a essência do meu ser. Morrer na lembrança é ter o nada na eternidade, na qual o silêncio é sorrir. A alma do sorrir é a tristeza. O nada purifica a vida. Tenho o mesmo ar, o mesmo amor dos mortos. A diferença é ser ainda livre para sentir tudo isso. Nada liberta a liberdade do ser, apenas o nada liberta a liberdade do ser, nem a morte pode.

Próxima de mim

O distante é o esquecimento próximo da realidade. Sou próxima de mim na minha ausência. Faça-me sofrer, mas me deixe próxima de mim, vida. Sinta o meu respirar sem cinzas. A ausência é imperceptível como o nascer do amanhecer. As cinzas respiram o amanhecer mais puro. O acordar da alma é o azul do céu.

A voz da alma

A voz da alma é o transbordar da ausência poética, em poesias, por mais tristes que sejam, talvez por isso mesmo tem vida que adivinha com que cores irei morrer. O passado visita a morte em seu passado distante. Distante não quer dizer inacessível. Cores são sonhos fáceis de ter. Tudo tem cor alma, com exceção da voz da alma, que me faz tanta falta. Sei que tenho alma, não ouvir a alma é não ter alma.

Fraqueza por ter alma

A alma é mais frágil do que o meu desmoronar em mim. Minha fraqueza não é de alma, é de vida. Minha alma está perdida, sem ser frágil. Fragilidade é imune à existência. A morte é uma ponte que une o ser e o não ser. Que a alma tem o não ser? Tem a alma da existência. A alma do ser é a da morte.

Mais do que viver, quero existir para a alma

A alma nunca será amor, é apenas eu. A alma nunca tem um momento de solidão, todos os seus momentos são de morte. O ser de um momento é a vida de um sonho. Mas o momento não é um sonho, a vida é um sonho. Para que viver, se sinto o meu não ser como vida? Mais do que viver, quero existir para a alma, mesmo que cesse o meu não ser.

Exceções de vidas

Palavras são exceções de vida. A dor das palavras não tem vida. A própria vida, são palavras. Diminuir as distâncias não é amor. Amor é ter todas as distâncias dentro de mim. Ausência não é uma realidade. Estou trancafiada no meu ventre para sair de mim.

Império do nada

O império do nada é o meu ser. O império de Deus é o nada. Amanhece sem o império do mundo se render à poesia. A vida é o amanhecer que não combina com a realidade. Não quero sorrir como o nada. Meu sorrir é pouco, nunca será o sorrir do nada, que é tudo para mim. Queria sorrir, despreocupada como se eu fosse o sorrir eterno do nada. O amor, lágrima do ar, cessando o império do nada, lágrima do ar, para, no meu respirar, me perdoa por te amar.

Meus pedaços

Meus pedaços arrastam a minha alma no abismo de mim. Não vivo bem no transbordar da alma, vivo apenas o sofrer, também é uma forma de transbordar. Os abraços não transbordam, são transbordantes na alma. Inundam a minha alma na falta de eu me reconhecer.