Sufoco minha morte com minha sombra. A morte se alimenta das minhas lembranças e se torna a minha única lembrança. Lembrança é ter a morte em mim. O sonho não quer ser uma lembrança, uma fuga da morte. Posso fugir da morte, mas não posso fugir de mim. O tempo esquece a morte com a vida, eu não consigo. Esqueci-me sem me rasgar por dentro. Esqueci-me em morrer, mas alguém será minhas lembranças. Sorrir é Deus em mim. Deus é um amor sem lembranças. A alegria é o universal do mundo. Se a morte for a vida, e a vida for a morte? Ver-me sem alegria é trazer a morte para o céu, mas nunca para o interior do céu. Dentro do céu o céu não pode ter fé nele mesmo. A insegurança de ser céu, o céu preencheu a minha vida. Fez diferença para que eu não me lembre, me descobrindo. O céu nunca me verá em mim, sou apenas a possibilidade de o céu existir. Nada é o mesmo sem céu. O céu tem razões para existir que desconheço. Mas as razões do céu existir significam minha vida. Eternidade é ver a vida sem céu. Assim, ver Deus é íntimo. O significar é a falta de Deus. Ver a vida, a morte, é não ver Deus.
Eternidade é ver a vida |