Não há céu no meu desespero, mas há o sol do meu desespero a me iluminar. O nada é a superfície, na qual respiro. No nada, sou todo o respirar da vida. O nada é o fim do começo, num respirar solitário. Quero respirar Deus, sendo em morte ouvida. O mundo nunca vai ser um ser, ser abraçado, amado. Alguns veem o mundo se vendo nele, mesmo assim, o mundo é só. Não imagino a minha imaginação: ela me imagina. Existo no que minha imaginação sente por mim, mesmo sem eu existir. Se o som do silêncio desaparecesse na voz do meu olhar, a imaginação seria feliz onde estiver. Quando esqueço meu corpo, abraço a imaginação como se tivesse alma. O sonho é o contrário de imaginar: é ser minha própria realidade, é possível unir o sonho e o imaginar na poesia. Nada é seguro, por isso, há vida. São tantas vidas para esquecer ou lembrar: é como se assim eu participasse da vida, dos meus anseios, para não ver nada, vendo mais do que o que se vê. Eu vejo o céu perto. Tão perto, parece desaparecer, para nascer as minhas poesias. Não há poesia na poesia. Eu a torno poesia. Sinto o desaparecer do céu na minha inocência de ser feliz, como se não houvesse céu, e Deus, e agora é Deus do mundo. A pausa da vida é Deus. Deus me faz nunca ter sido, sendo o perfume da vida. O mundo, a vida, é apenas encontrar a Deus.