O nada é a oportunidade de despedida. Vou fazer a minha alma viver das minhas poesias, como mais uma palavra. Palavra essencial para a vida: amor! A espera de mim é realidade.
A oportunidade de despedida |
A oportunidade de despedidaO nada é a oportunidade de despedida. Vou fazer a minha alma viver das minhas poesias, como mais uma palavra. Palavra essencial para a vida: amor! A espera de mim é realidade. |
Morte fielA morte é fiel ao fim do meu ser. A vida é o suficiente para a morte ser o que é. O nada da tua alma vai me trazer de volta à morte, de onde nunca deveria ter saído. Palavras não são alma: são o desespero do nada. As palavras crescem por amor, ganham um significado: a falta de significar. Tenho minha imagem como a falta de resposta às poesias. Nada se arrebenta em acreditar na vida. A morte é fiel em sua fé em Deus. A morte tem obsessão por Deus. Deus, escuta sua morte. Tudo desaparece como morte. A alma é sombra da morte. O sol da morte é o ser. A inexatidão é Deus. Me desligo de mim, da vida, para não ser morte, ou a morte de Deus. Nunca terei alma. Não posso depender da alma para ser feliz. Eu vejo o passado dentro de mim para ter alma. Dentro de mim, me pergunto se sou feliz. A alegria que me deste foi meu esquecimento. Você não é feliz, não pode me dar alegria. Busco alegria em você, a vida não me faz feliz. Não me preenche, não é você, mas eu não tinha vida ao seu lado. Nós nos amamos melhor separadas. Não lembro da alma, a alma lembra de mim. A vida se ama. Amor é sol, vida. O ser em si é a fragilidade do ser. A força do ser é ausência da vida. Aceito meu sentir como ele é. Sou mãe do meu sentir. Existo para sentir. Sou o desaparecer da vida no aparecer universal. O aparecer é ausência de mim na alma. O para sempre da alma é a morte. Nunca mais verei a morte? Ver a morte com olhos de vida é abandonar o infinito com um olhar. O olhar domina o infinito. O infinito será sempre infinito. O sol não é infinito para o céu. O infinito é um espaço temporário entre o céu e o mundo, que nada preenche. Essa é a significação da vida: que o vazio não se preenche, se acolhe na tristeza. O vazio preenche o vazio. |
E se eu for apenas o sonho de alguém?Como o sonho se tornou ser? O que sonho faz parte de mim? Meu ser é a consciência de ser: ele não sabe disso. Saber ser é impossível, mesmo assim sou. O ser é impossível na alma: se dá à alma. O sonho é a falta da alma. O cemitério é a alma das almas, onde sonhar é infinito. O que resta da alma é a vida. Vivo a vida sem alma. O sonho não tem medo das palavras a correr no vento. A palavra é livre, sem precisar do ser. Não há ser nas palavras, mas há palavras no ser. Se sou apenas o sonho de alguém, não há o despertar. Nada em mim sonha nem desperta. Não posso dividir minha alma contigo, mas posso ser tua alma. Dividir minha alma me faria ter alma. O pensar é onde se esconde a alma. A alma não precisa se esconder: é inexistente. Não vou descobrir a vida, descobri a mim. A consciência da alma é o nada. Para haver existência é preciso cessar o ser em alma. Ver sem alma é morrer vivendo. Viver é nunca ser. O não ser vivente não pode ser alma, é despedida do nada. O não ser é alegria, é o céu depois do céu. Na ausência da ausência, morri como presença, mas a presença não morre como eu. É inacreditável a presença. Acredito na presença do fim. O fim sem a presença é autonomia. Parar de viver é o infinito em mim, por mim. Não há infinito no infinito. O infinito é deixar as lágrimas a florescer no abismo de mim. Esquecer a intimidade do céu nas minhas lágrimas. O esquecer é pensamento eterno. Se eu for apenas o sonho de alguém, o esquecer cuida de mim? Meus braços são sonhos do meu corpo inexistente. Os corpos inexistentes são eternos sem sonhos. Quero meu ser sem sonhos. O segredo de um olhar é o ser. |
ExtremidadeA vida não tem uma vida de amor. O amor da vida, inexistente, me faz viver. Momentos de mim são o fim da vida: este é o começo do mundo. O fim cria a si mesmo. Não há nada entre mim e eu. O que tornou a alma alma foi a minha ausência. Existir é a falta do olhar. Nada tem fim na falta. A presença me entristece, como se minhas lágrimas fossem as minhas últimas lágrimas. E o céu era a luz da minha dor. Mas, quando a escuridão se foi, percebo a minha morte na luz do céu. O sonho na escuridão reflete o céu. A alma da morte é sem céu. Morrer na alma da morte é ter alma. Alcançar o céu não é extremidade: é o que tinha que ser. |
IntuiçãoO céu da alma se foi sem intuição de partir. A vida é um engano, uma lágrima que não desde na alma. Tento viver. Apenas na ilusão não há ilusão para ser. A desilusão é a alma da ilusão. Espero o tempo que for para viver, mesmo se arrancar a minha alma. A intuição de viver me faz viver. A vida caindo das nuvens não é mais vida. Luto, unida à vida, por uma vida sem solidão, não quero levar da vida apenas solidão. Desejo que a solidão seja feliz. Sonhar é ver a alma. A alma não se vê no meu sonho. Para ser feliz, o sonho se materializa em ser. Para recuperar o nada, tenho que alcançar estrelas. Estrelas de dentro de mim. |
Poetizar (tornar poético)O fim de tornar poético é a alma. Para o mundo no amor. A alma do coração é a poesia. A vida surge como morte, como saída do nada. O silêncio amarrotado de palavras faz surgir a vida interior e exterior. O que sofre o real, o meu interior. A consciência já foi realidade: era uma consciência vazia, carente de mim. Fiz da consciência o meu corpo, não a tornei eu. Eu, sem consciência, não sou vazia. A consciência me impede de pensar, de sentir e de viver. Não quero ficar só na consciência: é amor. Tem consciências que são a despedida da alma: a falta de alma é amor. Escrever é um momento inexistente: pura alma. O poético não é escrever, mas a minha ausência. Tem ausências que são vidas que curam. Segurei as mãos da ausência, lhes disse que não tem problema sua ausência: o que me importa é ela ser feliz. Escrevo feliz, ausente de mim. Não sinto falta da presença. Ela não fez diferença para mim. Vou poetizar-me em ausências: serei a pedra, o mar, toda natureza possível, apenas para não ter minha presença. Minha presença é morte, transcende nas palavras. Sinto as palavras sem morrer. Minha presença não me perdoa por eu viver. |
Cinzas da solidãoJogo as cinzas da solidão na minha morte. Corpos se fundem na solidão, perdem sua alma. A perda da alma se mistura com a perda da mistura dos corpos: os separou para sempre. Nessa mistura, simbiose de uma vida, nasce a saudade. A saudade trouxe minha alma de volta para mim. Perdi a vontade de ter alma. O agradar da alma me desagrada. Sem a alma, não pareço nem mesmo comigo. O vazio são cinzas da solidão. O vazio é o apoio do céu a se sentir como me sinto. O amor é o céu. Minhas mãos, cinzas da solidão, a moldar o céu. E as cinzas desaparecem no céu, na solidão do céu. E o céu se tornou mais céu, como se eu pudesse abraçar as minhas cinzas. Devolve-me minha alma em cinzas, como se fosse a presença de alguém em mim. Sem cinzas, sem presença, sem adeus. Cinzas, recomeço do nada, faz da vida saudade, onde recomeçar não é vazio. É vida nesse adeus-presença. Abro os olhos para a vida e cesso meu amor por mim, sem razão de ser, de existir. Enfim, eu nas minhas cinzas onde me entrego à falta de saudade, e assim não perco a fé em mim. O declínio da saudade é nunca mais de me fazer existir. Sou minha existência. A fé abala a vida. Ainda tenho minha existência, que, para mim, é a minha vida. Minha existência vai existir, mesmo depois de eu morrer. Assim, minha existência vai ser a vida de todos. Não morri, me multipliquei. |
Entre o sono e o sonhoEntre o sono e o sonho, o vazio da morte. Entre a vida e a morte, a poesia de ser eu. Eu para mim. A alma tem sono de infinito. Eu tenho o infinito no olhar. A alma é o infinito de Deus. Deus é o fim de si mesmo. A alma é a morte e o despertar de Deus. Não consigo sair do meu olhar, mas o olhar sai de si mesmo: para me ver. Ver é o abandono do abandono. Mas o fim não é o abandono. O abandono do fim não é abandono: é amor. O abandono do céu é triste, sem ausências. O céu se une em seu abandono. Nada vem do céu. Nada é fácil. O céu das lágrimas é a prioridade do sentir. O sonho desvenda a alma. Não há alma nos meus sonhos. Ter alma é ficar pendurada na morte. É melhor morrer do que ficar pendurada na morte. |
Vida plena sem o prazer de viverPara me sentir plena, não preciso viver: basta eu suspirar como um pássaro ferido, ser as asas de um pássaro. A vida plena cessa sem alma. A alma tem que amadurecer sem ela mesma. A alma não ama sem alma. A infinitude é a fragilidade do meu pensamento, que é todo o meu corpo, toda a minha alma, na minha inconsciência de vida. Guardo minha morte no meu amor. O que vivo é o que sou? Ou é o viver que vive em mim? Não preciso de mim: preciso apenas do ar da imaginação para respirar numa ilusão perdida. A realidade é irrespirável, como uma canção muda. Sair pela alma na inconsciência da vida. Voltar para a alma na consciência da morte. Mas nenhuma consciência ou inconsciência cessa minha alegria, cessa apenas o meu ser. |
EmoçõesNão há emoção em viver: me emociono com a falta de emoção. O conflito da alma com o corpo é a emoção. A eternidade é a perda de emoção no ser: nasce o amor. A perda da eternidade é o amanhecer. A alma resgata a morte, refaz o nada no tempo. Sou a tua ausência no meu amor, que divide o tempo em cada um de nós. Cada um é um pouco eu na lembrança da ausência. O céu demora a existir: a ausência está sempre em mim, por isso, prefiro viver. |