Vontade de ir com a lua, sem me perder do sol. Não há o ser como o ser, mesmo sem ser isso ou aquilo. Um dia serei esse ser que necessita existir em mim: já o amo. Amo esse ser, esquecendo de mim, no meu ser. Para esquecer é preciso amor. Eu não necessito lembrar de mim. A apatia me faz lembrar de mim. Não consigo reagir à apatia. Durmo em apatia sem a poesia ficar em mim. A poesia apenas nasce de mim, segue o seu destino. Segue-me, destino, para escutar meu amor e senti-lo morrer em ti. Trai minha morte ao escrevê-la. Não vou desistir de sofrer, seria desistir de mim. A alma da escuridão é o nada. O nada me devolve a lucidez. O sonho não tem a esperança de se tornar um ser. A chuva devora o tempo. O tempo não vive, eu vivo o tempo inexistente. A alma sabe do tempo que não possui. É sonho, é o tempo, é o nada, que me torna isenta de mim. Mas o nada, o tempo, o sonho não são isentos de mim. Sou sem mim, mesmo a sonhar, amar. A vida é a plenitude: luminosa do meu ser. A presença da plenitude é o fundo de mim. Corpos vivendo sem a realidade, pensando serem um ser. A desilusão da alma é amor que sinto. Sentir, não sentir, é o mesmo fim.
Apatia (perda de interesse e motivação) |