A natureza é a morte no arrepio da alma. O sentimento acusa a alma de nada sentir. A alma lhe diz que não conhece seu sentir, não penetra seu sentir. O sentir é a vida que não possuo. Sentir é algo pessoal, não se pode dividir com ninguém. É um absurdo viver. Vivo no nunca mais. Ninguém vive como eu: na entrega de um adeus. A entrega de um adeus é a vida acontecendo. Nada é alma, é apenas arrepio da alma. Sonhos são almas que não se realizam. Sonhar é o adeus da alma. O céu se despede ficando entre uma vida e outra, um ser e outro. A dúvida do céu são as estrelas. O céu existe sem estrelas. Não existo sem mim. O céu depende do olhar de Deus para existir. Não espero, vivo. Vivo no que resta de mim. Rastros de mim, no meu amor. O branco do céu, a procura das nuvens me faz perceber a realidade, me realizando nela. Não desabo no abismo da realidade, me faz querer sonhar: o sonho pode ser sonhar ou pode apenas olhar o infinito, como se sonhasse.
O arrepio da alma |