A plenitude esvazia sem o nada. O nada é não me isolar em mim. Tenho pele ao menos para conviver com o meu silêncio: ele é pura pele.
Falar com a pele a desaguar no meu corpo (esvaziar) |
Falar com a pele a desaguar no meu corpo (esvaziar)A plenitude esvazia sem o nada. O nada é não me isolar em mim. Tenho pele ao menos para conviver com o meu silêncio: ele é pura pele. |
O absoluto sem mimO absoluto sem mim é a perda da vida. Tempo e espaço são o meu amor por mim. Toda consciência é amor. Mas, amor, não é consciência em mortes diversas. O absoluto sem mim sente a minha alma. Há alma no meu olhar. Se a morte fosse abstrata, teria corpo, alma, e não seria natural morrer. Ter alma prejudica a saúde física, mental, do ser. Ser é substituir a alma em um instante inexistente. Nada me torna eu. Eu e a vida não é você e eu. Se o não ser fosse a vida, não existiria vida, nem mesmo ser. O ser da alma é o sol escuro pela falta do ser. Ser é luz. A luz cessa sem escuridão. O sol sofre de luz. A luz não se compara ao sol. A escuridão sonha luz. A luz não sonha, torna-se meu olhar. Que Deus não saiba de sua morte, lembre apenas de sua salvação. O silêncio cessa o silêncio. A morte de um lugar, preserva seu silêncio de vida. Sem o céu a alma é salva na morte com adeus. Ver melhor do que eu, a minha tristeza, alma, necessito de ti na minha tristeza, como quem acorda do nada. O absoluto sem mim sou eu a me amar. O único amor que possuo não é presença, é dor da presença. O nada é a presença de Deus, por isso, é essencial. |
Desanuviar (não se preocupar)O céu se tornou céu, ao parar de se preocupar. Basta o céu ser céu, e tudo flui, é feliz. O céu é o olhar de Deus na vida. O céu: o nascer de Deus no ser, nos erros da vida. Minhas mãos dão o nada de si mesmas para a vida, e o nada dado, a vida transforma em poesia, até meu vazio se tornar a minha morte. |
E se eu viver?Tudo sou por mim. Se eu viver, nada muda em mim, sou a mesma que amou, sem eu viver. A poesia quer ser vida nos outros e em si mesma, mas a impossibilidade da vida viver a impede de ser vida. Assim, a alma se esclarece na morte, e a luz do saber ilumina a morte na alma. Tudo sou por mim, na inexistência da alma: me deixa ainda mais viva, me faz amar. Reconheço o amor na inexistência de tudo, da vida. Respiro tranquila a minha inexistência, com alegria sabendo que ela vai partir para mim, ela voltará. Está me esperando em algum lugar, mesmo que o lugar não exista, ele existe apenas para mim e a inexistência. Como posso não ser feliz? Sonho inexistente de tudo. Não sei onde o sonho vai me levar, não estou mais perdida. |
A diferença entre o ser e o serA fé é uma ausência: até de Deus. Me separei da ausência com o meu corpo. O corpo cessa as lágrimas da vida. Se o meu eu é apenas como o sol a se esconder no vento, é pela eternidade do céu que sou feliz. Sou meus sonhos. A diferença entre o ser e o ser é o próprio ser. Não há diferença entre o não ser e o não ser. O amor é a distância de mim ao me olhar no espelho. Saudade é me olhar no espelho, apenas ao morrer, ficando próxima de mim. Mas sem amor. |
Me defino sem imagemFicar na sua alma, no adeus de mim, é minha imagem. Ultrapasso a morte ao morrer. Morrer é um estado temporário do espírito. Ao morrer, sobrevivo a mim. Ficar na sua imagem, renasce minha imagem para eu morrer. |
A imagem é o indefinido de mimMeu grande erro foi não perceber que a minha dor é imortal. Tentei sufocá-la, matá-la dentro de mim. Meu corpo, minha alma, são reservatórios de dor. Minha dor é minha imagem. A vida sobrevive ao ser. Tudo já foi vivido na vida: sem saudades: essa é a razão da vida, de viver: morrer. Apenas morrer. O silêncio cobre a morte de poesia para eu não me afastar da luz. |
A criadora e sua criaçãoSou criadora e criação. Meu ser cessa onde começa a vida. Nem o sonho pode traduzir a vida. A vida nunca será um sonho. Não crio vidas, crio sonhos. Meus sonhos despertam o céu. O céu não desperta os sonhos. Tudo sonho, nada sou. Escrever é desconsolo da alma em mim. Escrever é o meu fim. O fim é o que me resta. Sem o fim, a vida seria insuportável, perfeita. Acabar com o fim é meu fim. Eu sei do fim que preciso ter. Tenho necessidade do fim, mas não faço dessa necessidade a minha vida. Minha vida é ausência, é o fim. A percepção da vida é sua essência. As perdas são o meu amor. Por isso, não perco o amor verdadeiro. Amar não é verdade: é ilusão que abranda o coração da vida. Eu perdi o meu ser para a minha criação. |
Minha vidaMeu ser não engana a si mesmo. Meu ser é o começo da minha vida. A vida é mais essencial do que o ser? Apenas a alma tem a resposta. O infinito é pouco para a vida. Nada há para morrer. A vida não percebe ser só. Sou só na vida. O fim sem infinito é o ser. O ser é o fim de si mesmo, mesmo sem morrer. O ser no espírito é a vida da alma. Meu ser cessa na imaginação, por isso, a existência não é mais só como antes do meu fim. Fim são recomeços de alma. Mas a alma não fez do recomeço vida. |
Me realizandoMe realizar não são realizações, são poesias da alma. O sol não se contém nas minhas lágrimas, que torna o céu flexível, como se fosse voltar para mim. O céu se maquia em Deus. Deus é a maquiagem do céu. Não há céu na minha solidão. |