A falta de ver torna a vida vida. Ela sente que é o meu ser que não a vê. Ver se isola no real. Ver vai além do real, do sonho, ver é viver. Viver é a fé do amanhecer que dias melhores virão e os viverei vendo por nós duas: eu e a vida. Nada será como antes, as mudanças me tornam o que sou: eu em mim. Nada pode ser o mesmo o tempo todo: por isso a lembrança desaparece, como sendo o agora: última luz da vida para eu ser minha própria luz. Vida turva em sua própria claridade. O céu é a luz de Deus a envolver a escuridão do olhar da vida de amor. Nada fica bem sem alma. A alma vai mais longe do que o céu. De longe meu ver faz a vida ver. Ela desconhece ver e morre no estranhamento de si. Há tudo a dizer para a morte, no adeus que vive, por mim. Nunca necessitei viver, tendo o adeus dentro de mim, que colocou em mim. O adeus vê o não ver da vida. Ver é esquecer a vida ou será esquecer de mim? Perco as palavras ao ver. Posso ver o fim da vida com encantamento, e assim viver por ti ao morrer, ao menos nesse momento a vida me vê, me abraça infinitamente como eu. Ela sempre esperou que eu estivesse pronta para ela me amar. Agora os abraços infinitos são poucos para tanto amor. Vida, não me faça chorar de verdade: de amor. Nunca chorei antes assim: feliz.
Vida turva |