É para escutar o nada: ele diz muitas coisas até deslizar no mar, fazendo do desaguar da alma, palavras fortes, intensas como a alma. O ser não justifica a essência: é o não morrer no amor.
Muitas coisas |
Muitas coisasÉ para escutar o nada: ele diz muitas coisas até deslizar no mar, fazendo do desaguar da alma, palavras fortes, intensas como a alma. O ser não justifica a essência: é o não morrer no amor. |
Distanciando-me da distânciaO nada é a água da saudade, me distanciando sem distância. Meu amor é a distância em lágrimas. Meu amor está longe e permaneço em mim, ficando em vocês. Façam-me amar. Amei demais em um abismo que cultivou a minha morte. A enalteceu, a fez morrer por mim. |
A ausência é um domA primeira vida não esqueço na ausência de um dom. O dom me desapego na alma, sem ser triste como uma ausência a retardar o envelhecer. O abandonar da fé é sem ausências. Ausência é sorrir, sem escapar de mim. Fazer do real ausência: é amor sem ter sido: por isso é amor. No amor vive a alma. Aprender é esquecer a alma. A tristeza da alma é o meu amor. |
O saber é real?A tristeza não é real, saber ser triste é real. Essa tranquilidade é morrer perto de mim. Toca-me para sentir minha inexistência, no real de um adeus. |
A mobilização por abandonoA vida é apenas a mobilização por abandono. Deslocar a alma na alma, como razão de ser, quando o ser escapa, a alma age por si mesma. Não quero economizar a alma em mim. Sei de mim até sem alma. A alma não vive de alma. A alma é possível, como um morrer na culpa de morrer, e não poder mais amar, ser amada. Ao menos não esqueço quem amo, sofro, pois não é igual a esquecer de mim. Esquecer é ver pelo amor do outro. Percebo-me morrendo como se eu não pudesse me imaginar viver. Morri até no imaginar. Há um limite entre o céu e o mundo: esse limite é o ser. O ser não é mundo, não é céu: é a perda do mundo e do céu. Bobagem tem importância. Beijos do céu voam no mundo. O ser não se mostra como meu ser, sendo para mim o que sou. O que posso ser para meu ser? Nada, fico feliz longe, sem o meu ser, a pensar por mim, amar por mim, roubando meu ar. O ar seria meu no meu adeus. Mas nada quero recuperar com a morte. Necessito morrer na pureza da vida. Vi o não ver em mim, no meu amor. Dormir apaga a ausência do pensamento e do amor. |
Decadência (rumo a um fim)A decadência de sentir me levará a algum lugar, onde há a dignidade de sentir-me como sombra do indefinido de morrer, ainda a sentir tua ausência. É quando sei que não acabou: não é o fim, é amor! |
Devaneio felizO adeus se preocupa comigo na minha tristeza, não me diz o adeus que existe no meu adeus. O adeus é infinito por me ver. Ver é o céu sem céu, no devaneio do céu. A alma se foi para perto do meu ser morto, como um existir possível na suposição de uma existência feliz, pelo que não chorei ainda, nesse devaneio feliz. Não o enganei, apenas sonhei mais do que a vida, do que o céu. Meu amor é a realidade de tudo. Enfim, eu em todos, enfim, eu. |
O silêncio tem mais valor do que a almaA alma não é o melhor de mim: não afasta o medo, a morte: apenas o silêncio, os afasta. Preciso olhar para o silêncio e amar. Amar-me. Entre o conhecer e o conhecimento, resta a alma. Não há lugar vazio no amor. Amor é silêncio, é palavra, é me reconciliar com o nada. Clarear o ar no que falta em mim. Nada faltar em mim é como um adeus no adeus, sem o adeus do céu. |
A vida é quase tudoA falta de habilidade para não amar é a sinceridade. O abraço é a falta de vida, a aparecer no amor, nos braços perdidos sem amor. Estou perto do meu corpo, em perder meus braços: em não me perder. |
O céu da vidaDa morte nasce o meu viver por ti. Procuro a morte no céu da vida. Resguardar-me no céu da vida, do ser, do nada. A espera de um adeus é o amor do céu da vida. O que será do céu na vida? A verdade é a inexistência no céu da vida, como um ser! |