Não dá para ofuscar o brilho do nada. O nada é a poesia que se torna amor. O brilho é um olhar que torna a vida mais linda. A paisagem fica nítida, que pareço tocá-la com minha alma, como se a alegria fosse me quebrar por dentro. A paisagem ficou com minha alegria, me dando o amor que necessito. Deixei o meu amor ser minha única alegria, perdida nos abraços solitários de morrer. Transformou meu amor em lenda, fantasia, de um abraço que não se conforma de abraçar a solidão só. Ninguém é só na alegria, é apenas ausência de um abraço, deixa de ser triste como se o abraço fosse desaparecer para sempre, e eu, fora de mim, vivendo de abraços imaginários, superior à vida. Abraço meu próprio abraço, como a vida que se refaz para o amor que receberei um dia. Eu pensei que meu abraço existisse noutro alguém, existe apenas para mim, que devolvo meu abraço à vida, que desaparece sem chorar, como se tivesse sua ausência dentro de mim. Mas, a vida chora infinitamente mais por me ter, onde o ofuscar do nada é o fim da ilusão de viver. Mas, ainda sou tua vida, vida. Mas, sou o ofuscar do nada, que te faz olhar para mim. Me viste, vida, nesse não me encontrar. De onde te espero? Te espero no nada de mim. Te verei no meu desaparecer, como se eu não pudesse ofuscar o brilho do nada, para não ficar sem nada, no brilho do adeus. Onde me perdi no ar, sem desaparecer. Minha sombra me resgatou para me ver morrer em tua ausência, que é o mesmo que morrer nos teus braços, onde nunca mais é sempre vida, sempre amor, para enfeitar a minha morte de vida, e ofuscar do nada, seja a imensidão do infinito, a me enterrar morta pela vida. Vida nunca tive. O amor é como se não fosse morrer. Às vezes, sinto que não morri, que estou escondida no ofuscar do nada. Quando o nada brilhar, sentirei minha presença para que o céu descanse em seu tudo, deixo o nada para mim.