Apenas o cessar da escuridão ilumina a escuridão. Vida, sempre a terei como minha. A escuridão é tão irreal, que sinto paz de escuridão. Depois da escuridão, o silêncio é a única luz, único refúgio, mas é a luz do silêncio, ilumina as palavras, a fala, o adeus, o amor, torna a alma vazia, a plenitude é a verdadeira alma. O amor enfraquece a alma. A plenitude sem amor é mais plena que a plenitude com amor. O refúgio é apenas saudade. O amor imaginário vence o amor real. O fim não é a morte, é o ser. O corpo do ser é o fim do fim. A alma parece estar mais na poesia do que em mim. Apaziguar a falta de alma com a alma. A alma é meu único esquecimento. Vivi tudo na alma, para esquecê-la no que foi vivido. Eu não esperava que o que foi vivido, eu tivesse ainda hoje em mim, como sendo o hoje. Mas, o hoje jamais será o amanhã. A fala da escuridão é o destino se dando em palavras, que não consigo escutar pelo destino. Escuto pela escuridão, que tem o destino em suas mãos. Não percebe que estou viva, nem que seja pela escuridão? Na escuridão, perdi meu vazio, minha dor, o meu ser, vejo apenas escuridão. O amor, a falta de ser, é a mesma escuridão. A alma vive o não vivido, que foi vivido como luz, então cessou de ser.
Escuridão |