Um amor não cessa outro amor. Amor é apenas ter algo dentro de mim, que seja apenas meu, para ser de outro alguém. O amor ama o fim, o idealiza, como se o fim fosse o meu ser por ti sem amor. O amor é o único a amar. Amar é não acreditar no amor. Sofrer é a falta do fim. O fim não sofre. Acabar com o que não existe é amor. O sofrer ama o infinito, a alegria é finita, mas vive mais do que o infinito. Sou livre sofrer quando sofro, num amor infinito para uma alma finita. O infinito é o cessar da alma. O fim do fim resgata a alma como morte. A mesma alma que era vida morreu para existir apenas em mim. Sou livre sofrer quando sofro, na individualidade da alma, não consigo me comunicar comigo, meu sentir é apenas a alma. A alma são todos que se perderam e jamais se encontraram, nem mesmo no amor. A alma é o meu fracasso de amar. Eu sou a conquista do amor da alma. A liberdade não está no livre sofrer quando sofro, mas na morte, que me une à minha liberdade, senão não seria eu, seria apenas uma liberdade vazia, por isso a amo tanto, como se fosse minha liberdade, apenas é o meu amor, que não está na liberdade como eu estou. Se o amor fosse livre, não seria amor. Nada existe no amor: nem concretude, nem sonhos, nem o simbólico, nem o subjetivo. Então, que o nada se torne amor, assim como meu ser se tornou eu. Sou livre sofrer quando sofro, mesmo sem incorporar o nada. Mas incorporar é o próprio nada a me incorporar, como se eu o incorporasse. Falta muito para eu ser o nada. Incorporar o nada é deixar o além na eternidade das coisas, onde sua essência é o meu ser sem o nada, sem o meu ser. O vazio do meu corpo é toda a minha alma. Mas, a alma não é todo meu corpo, nenhum dos dois tem vida. Mas, não posso ser a vida da minha alma, do meu corpo, pois não sou nem minha própria vida, meu próprio eu. Me tornei cada coisa em sua eternidade, nunca fui eu, nunca quis ser eu, somente precisava ter certeza das coisas que vivi, sendo as coisas que vivi, sem precisar ser eu. Sou eu nas coisas que me fiz ser. As coisas deixam de ser eu por mim. Não voltei a ser apenas eu, me deixei levar na falta de retornar. O retorno veio até mim. Eu não pude retornar aonde nunca estive: em mim. Eu podia retornar sem mim, fazer do nada a vida que somente terei como nada. É melhor o nada do que morrer.