Calo na minha emoção. Não há nada na minha emoção: por isso, me emociono, como um pássaro sem céu. Meu sorrir é o voar de um pássaro nas alturas do sonhar. As asas do pássaro são minha eternidade. Meu pensamento voa o pássaro, escuto sua liberdade. Canto seu canto, sua alma. Escuto sua liberdade como se fosse a minha. Meu amor é menos do que o coração de um pássaro: quer viver apenas da sua liberdade, não precisa de nada, nem de ninguém. Sua exigência é um abismo: é o céu. Não se pode viver de céu. Céu é transbordar o pássaro sem ele voar, sendo apenas minha imaginação, que torna o pássaro o amor de caminhar, de sorrir. O pássaro é a minha inconsciência no voo da morte. Voar sem morte não é voar. Nada deixo de dividir com a morte, o que não divido com o céu: a minha existência. Tudo o céu releva, é feliz na minha existência: sua única alegria que não se identifica comigo, com a minha existência que sou eu. Eu me fiz só, como uma lembrança eterna de mim. A alma me fez ser onde nada sou. Nada ser não é ser alma. Bordei meu ser na alma. Não confio na tua alma, no teu ser, no teu respirar. Confio nesta distância que nos une. Respirar é a fala de Deus, na saudade de nós. Toda compreensão está no nascer: existe vida apenas no nascer. É espontâneo nunca nascer: ser sem ser sempre alma. Algo completo, não precisa viver. Meu embrião e o embrião da poesia é a única vida que conheci. O embrião tem movimentos de vida, que a vida não tem estagnada, a vida é só, é a margem do embrião. A vida é embrionária se não necessita do ser. O embrião não escorrega, apenas é indefinido. O ar do embrião são as pessoas que existem como pessoas, não mais a vida, saberiam ser embrião. O embrião de Deus é o nada no infinito, depois volta ao casulo de ser Deus. Deus e seu mundo próprio e somente assim sinto seu amor: no outro que me ama.